domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crónicas soltas

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Tomado de assalto por memórias de dor

Um destes sábados em que estava em casa, passou na televisão o filme Marley & Eu.
Já o tinha visto no cinema e sabia que não estaria ainda preparado para voltar a vê-lo...
Deixei-me surpreender enquanto fazia "zapping" e... fiquei no canal que exibia o filme. Disse para mim mesmo que apenas ia ver um pouco e só enquanto as histórias eram felizes e dos disparates normais que um cão comete enquanto cresce. Fui ficando "preso" ao filme e a história, naturalmente, foi avançando à medida que Marley se tornava mais velho. A páginas tantas, quando dei por mim... estava a reviver os últimos anos e depois os últimos meses, as últimas semanas, os últimos dias, as últimas horas... e os últimos momentos do Yiuri.
Foi duro!
Não me contive...
Ainda é tudo muito fresco e dói imenso quando sou assaltado por memórias...

"Um cão não quer saber se somos ricos ou pobres, inteligentes ou chatos, espertos ou burros. 
Se lhe dermos amor, ele também o dá. 
De quantas pessoas podemos dizer o mesmo? Quantas pessoas nos fazem sentir únicas, puras e especiais? Quantas pessoas nos fazem sentir extraordinárias?" in filme Marley & Eu

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Festas de casamento: o Natal dos mentirosos


Exemplo de um anel de (des)Noivado
Os divórcios são mais simples de se concretizar e há até debates televisivos que aludem a esse facto.
Dizem as estatísticas que são mais elas do que eles a pedir o divórcio litigioso...! Viva a emancipação das mulheres!?
Que se lixe a treta do "até que a morte nos separe", é o que elas gritam.
Ainda assim continuamos a ter os casamentos.
Para alguns casais ainda é algo que se vive como um sonho, para outros, porém, é uma verdadeira fachada representada para uma franja cínica e hipócrita representada pelos pais mais retrógradas. Mas não não só, senão veja-se o que sucede nos casamentos: a noiva finge que é virgem, o noivo finge que encontrou "a tal" e as famílias fingem que se gramam!
É o tão aclamado verdadeiro Natal... dos mentirosos!

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"...custa até dar fôlego para respirar..."

Um olhar, um apelo, uma réstia de esperança
A TVI exibiu no inicio de Janeiro uma reportagem com o título "Viagem Sem Regresso" que incidiu sobre casos de crianças que são trazidas para Portugal vindas dos PALOP para receberem cuidados médicos e, dessa forma, lhes ser passada e às famílias, alguma esperança que lhes anime a vida.
Um desses casos era o de Bubakar, um menino da Guiné que veio com o diagnóstico de um tumor na garganta, mas que na verdade tinha um tumor no fígado e que até à vista desarmada se percebia pelo volume.
Bubakar chegou a Portugal com a mãe e a ambos já não restava qualquer família. A progenitora vendeu tudo o que tinha para realizar a viagem e poder "sobreviver" por cá. Ao longo da peça (excelente trabalho da jornalista Alexandra Borges pela denúncia que eventualmente se confundirá com lamechice em face de interesses de vozes contraditórias!), vamos conhecer a história deste miúdo que estava internado e assumia que tinha como sonho "ser médico e voltar para a Guiné para ajudar as outras crianças que ficam lá porque não têm dinheiro para vir receber tratamentos aqui (Portugal)" e ficamos a conhecer a expressão "custa até dar fôlego para respirar", quando o pequeno Bubakar contava sobre as dores que sentia ao inspirar. Bubakar estava a ser acompanhado na Guiné há um ano e seis meses, exactamente o tempo que os médicos assumem que teria sido suficiente para tratá-lo.
Bubakar foi operado na véspera da exibição da reportagem e quando esta terminou, o jornalista do Jornal Nacional informou que Bubakar tinha morrido nessa madrugada...
Os olhos do pequeno Bubakar, eram de um negro cerrado, mas quando os vi não percebi que encerrassem também uma vida tão vazia e triste.
A embaixada da Guiné, segundo informação da TVI, não assumiu as despesas de funeral.
A mãe de Bubakar deambula agora pelas ruas de Lisboa sem dinheiro para regressar à Guiné, sem família que a receba e sem o Bubakar.
Paz à tua alma pequeno Bubakar.
Procura pelo Yiuri, ele toma conta de ti...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Tensão arterial a doença do século XXI

Os hipertensos correm um risco 8 vezes mais elevado de sofrerem um Acidente Vascular Cerebral (AVC), 3 vezes maior de sofrerem um Enfarte do Miocárdio e 5 vezes maior de sofrerem de Insuficiência Cardíaca
É impressionante o ritmo dos tempos que correm quando associado às "novas" doenças que nos rodeiam enquanto doenças "modernas".
Considerada a "assassina silenciosa", a tensão arterial encabeça uma lista de preocupações que, de repente, passou a figurar no Top 5 do que há de mais "fashion" entre as doenças da moda.

 Rivais absolutos e a discutir o pódio estão os estados de doença como o "stress" ou a "depressão".
Já não há espaço para doenças tidas como "normais", como eram a diabetes, ou a asma, ou a sinusite... Essas, são doenças que não interessam, ninguém quer saber, são de um outro tempo. Estar na moda é acusar o excesso de trabalho, o excesso de responsabilidades (ou de irresponsabilidades), as preocupações alheias que surgem nas redes sociais... e, juntando tudo isso, afirmar sem modéstia ou qualquer tipo de embaraço que se anda "stressado". Ou, juntar algumas tristezas, alguma frustração, alguma dependência de medicamentos e... eis que se anda deprimido.

Bem..., decididamente, eu estou na moda!
Não que isto para mim seja ou pretenda parecer um triunfo ou uma meta interessante. Pelo contrário, nada fiz para merecer tal posição e nada tenho feito para cimentar tal "estatuto".
Pode até ser visto como leviano o facto de estar agora a escrever como se nada fosse ou até nada inteligente por nada fazer para "a cura".
Hoje voltei a medir as minhas tensões. Em condições ditas "normais" eu deveria estar morto ou a caminho da morgue. Vivo, então deveria estar a ser seriamente vigiado, provavelmente ligado a 50 máquinas e tubos e soros... e a tomar 1000 comprimidos de cores diferentes a cada hora que passa e assim continuar para o resto da vida.

Mas não. Não estou a fazer nada disso, nem mesmo agitado ou de alguma forma mais assustado. O primeiro valor que o tensiometro digital marcou foi 19/11. Não podia ser possível e repetiu-se. 18/12. Mudou-se de braço, fez-se nova medição... nada. A máquina não acusava mais nada...
Estes foram os valores de hoje, mas também são os valores de há 7 meses atrás, de há um ano e de pelo menos um conjunto de valores apurados em 2008.

Bem sei que não serão valores normais para pessoas ditas "normais", mas também sempre defendi que são os meus valores e que se calhar eu... não sou "normal". Certo é que já "carrego" estes valores há muito tempo e continuo a ser como sempre me habituei a conhecer. Não sofro variações de humor, não sou bipolar, nunca fui nem me tornei muito acelerado, não me identifico com alguns dos factores de risco como o álcool, o tabaco ou a obesidade e nem me considero propriamente um "resistente" pois conheço o meu caso, conheço os riscos e só não estou a procurar medicação porque considero que aí sim, terei problemas de saúde.

Mais-a-mais, se fosse interpretar todos os factores então diria mesmo que serei uma bomba-relógio-humana, um verdadeiro cocktail pois terei todas as razões para me deixar vencer pelas evidências da moda: perdi o meu Menino (o Yiuri) recentemente, o que me entristece imenso e alimenta qualquer depressão, com a criação da minha empresa e com todos os problemas associados ao sector empresarial e à crise terei todas as razões para andar stressado.
Durmo mal, é um facto e, para complicar tudo um pouco mais, agora (?) tantas vezes acontece que mesmo quando rodeado de pessoas, sinto sempre que estou só.

Se me sinto doente? Não.
Morrer? Sim, um destes dias isso acontecerá com todos nós.
Não me assusta a morte, apenas me pode preocupar viver sem qualidade.

"A hipertensão pode afectar pessoas de todas as idades e raças. Cerca de metade das pessoas que sofrem deste problema de saúde nem sequer sabem que o têm, pois a tensão alta, na maioria das pessoas, não produz sintomas a não ser em valores já bastante elevados. Daquelas que o sabem, cerca de metade negligenciam frequentemente o tratamento, porque se sentem bem. Aquelas que tratam a sua doença, por vezes não têm valores normais da tensão arterial. Como resultado, em cada 8 pessoas hipertensas, apenas 1 a 2 têm a pressão arterial controlada!
Uma tensão arterial frequentemente alta (igual ou superior a 140/90) pode também causar danos irreversíveis em outros órgãos, como os rins e os olhos.
A Hipertensão é conhecida como a assassina silenciosa. Lenta e silenciosamente, pode destruir órgãos vitais do corpo, sem que a pessoa se aperceba. Infelizmente para muitos, o primeiro sinal é um AVC ou um Enfarte do Miocárdio (ataque do coração) inesperados. Para alguns, o primeiro sinal pode também ser o último
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Marianne Ferreira - Médica