quarta-feira, 27 de julho de 2011

Conversas com Deus

Há sempre dois caminhos na vida: o difícil e o mais difícil...
As minhas conversas com Deus são motivadas pela raiva, pela angústia e pelo desespero.
Como pode Deus, todo tão poderoso, em toda a Sua omnipotência e omnipresença assistir quieto e calado ao desespero e às lágrimas de quem O procura?
Talvez seja uma qualquer espécie de arrogância divinal o que o sustém...?!

Nas minhas conversas com Deus não olho para o lado para ver quem possa estar numa situação pior ou mais desesperada do que a minha, pois essa, claro, é a missão Dele!, mas foco em mim o que mais  me atormenta e rogo-Lhe pela sabedoria que talvez precisasse para ultrapassar cada momento.

"Porquê eu", pergunto-lhe, "porque não me dás uma real chance de viver e de poder tentar - apenas isso! -, tentar ser feliz?"

Acho (tenho a certeza, de facto), que Ele nem me ouve...
Acredito - e até aceito! -, que devem ser muitos e em simultâneo, todos aqueles que Lhe falam e gritam por ajuda no mesmo e exacto singular minuto do tempo das nossas vidas terrenas, mas Ele é que tem o título, Ele é que é Deus, o omni-tudo!

De que valem, afinal, estas conversas com Deus se no final é feita unicamente a nossa vontade e nunca a Dele...!?


Uma vez conheci uma oração que rezava qualquer coisa como:
"Deus, dá-me a serenidade para aceitar aquilo que não posso alterar, a coragem para mudar aquilo que posso mudar... e a sabedoria para as distinguir".

Mesmo praticando esta pequena oração... Ele continua a fazer ouvidos moucos...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Chá Com Amendoim - do projecto ao romance

Faz alguns anos que estou a escrever um livro.
Comecei (e mantenho!) com muita determinação e sempre que posso trabalho no meu projecto com imensa expectativa de que um dia vou poder concluir a minha obra.

Gostava de poder ter mais tempo e de estar mais disponível para escrever, quer em termos de tempo, quer em termos mentais. Tenho a história toda na cabeça, sei como lá chegar, apenas me falta alguma paz de espírito... e tempo, claro!

"Chá Com Amendoim", é inspirado em factos verídicos e tudo o que depois é romanceado vem dar cor e forma a um conjunto de personagens que giram em torno de Francy, uma octogenária que aceita participar no programa de rádio de uma jovem e talentosa jornalista que assina uma rubrica intitulada "A Minha Vida Dava Um Livro". Tendo por base esta premissa, toda a história é vivida em dois tempos: o presente, com os 83 anos de Francy, e o passado, marcado entre experiências e amores e perdas que, afinal, marcam toda uma vida. Entre a manhã de uma quinta-feira e o domingo que vai resultar na emissão do programa, Francy vai reviver um sem-fim de memórias e recordações e com ela, com todas essas vivências, acredito que vou ser capaz de prender o interesse dos leitores de Chá Com Amendoim, da primeira à última página.

Bem sei que não é a mesma coisa, mas vou arriscar deixar aqui ficar uns pedacinhos da minha história e das minhas personagens para que possam ficar com o "gostinho" e, quem sabe, opinar alguma coisa a partir daqui... Espero que vos anime... e agrade. A mim, seguramente, fará um bem enorme saber o que acham destes trechos que lhes vou deixar...


- da página 38
"...(...) Depois, à medida que o tempo avançou, e contrariamente à maioria de todos os namoros, a relação deles nunca esmoreceu: dia após dia, continuavam sempre a viver como se o primeiro dia de namoro nunca acabasse.
Ema abriu o e-mail que tinha como assunto: “ESTAR AO TEU LADO… É TUDO QUE DESEJO!”.
Em sete parágrafos, Augusto escrevera o que de mais puro e libertador lhe ia na alma e ela voltou a ler as palavras dele:
A NOSSA VIDA CONJUNTA TEM APENAS A DURAÇÃO DE UM MÊS, TALVEZ, EM TERMOS DE TEMPO, SEJA MUITO POUCO MAS A INTENSIDADE E A VONTADE COM QUE FOI VIVIDA, ULTRAPASSA A BARREIRA DO TEMPO.
A FORMA COMO EU TE AMO FOGE AOS PARÂMETROS NORMAIS QUE ESTABELECI AO LONGO DESTES 30 ANOS. TU PROVOCAS-ME EMOÇÕES COMPLETAMENTE “SEM NEXO”, LEVAS-ME A VIVER UMA VIDA INCONSTANTE COM MUITOS MEDOS E RECEIOS, MAS DEPOIS, A TUA CAPACIDADE DE ENCARAR O MUNDO, LEVA-ME A ESQUECER TUDO ISSO, E AÍ SIM, EU VIVO EM PAZ CONTIGO, SEM NINGUÉM PARA INTERFERIR, SÓ NÓS OS DOIS NO NOSSO “MUNDO”!
AS PESSOAS NORMALMENTE TRAÇAM-NOS O DESTINO NAS SUAS CABEÇAS E ESPERAM QUE NÓS VIVAMOS ESSE “CAMINHO”, ESSA VIDA, SEM HAVER QUALQUER HIPÓTESE DE FUGA, SEM TERMOS VONTADE DE MUDAR.
MAS O QUE É A VIDA SEM A INCÓGNITA DO NOSSO FUTURO, SEM OS RECEIOS QUE NOS PROVOCAM A ADRENALINA, SEM UM MOTIVO FORTE PARA NOS LEVANTARMOS TODOS OS DIAS E SORRIR PARA O MUNDO, SEM O VERDADEIRO AMOR, AQUELE QUE NOS FAZ CHORAR E SORRIR AO MESMO TEMPO?!
FOI ESTA VONTADE DE VIVER EM LIBERDADE QUE ME LEVOU A AMAR-TE E ME LEVA A TER VONTADE DE ESTAR AO TEU LADO TODOS OS DIAS QUE POSSAMOS TER E QUE NOS SEJAM PERMITIDOS VIVER NESTA VIDA TERRENA…
ESTAR A TEU LADO É TUDO QUE DESEJO!
COM MUITO CARINHO E AMOR
DAQUELE QUE TE AMA...
CÉSAR AUGUSTO”
Terminou a leitura. Sorriu. Largou o ar guardado no peito de forma profunda e demorada, sem mesmo ter reparado que tinha estado a suster a respiração (...)..." 

...(...)...

- da página 50
"...(...) Hoje estava particularmente feminina: escolhera uma saia floreada, comprida, em tons de bege, mas que era acentuada por linhas vermelhas, que acompanhou com uma blusa castanha que se segurava com um laço atrás do pescoço. O colar de bijutaria tinha sido oferecido por uma amiga que visitara o México e o adquirira no comércio tradicional e era realçado por pedras pretas, castanhas e vermelhas envolvidas num fio preto que apertava numa mola de cobre. Levava os pés destapados ao calçar umas sandálias romanas que se atavam acima do tornozelo. Tinha perfeita consciência de que o seu Imperador não havia de resistir ao encanto natural que ela sabia fazer transbordar.
Como não encontrava solução para a escolha que a mantinha presa em frente do espelho há largos minutos, acabou por tomar uma decisão diferente: levaria duas pulseiras distintas e dois brincos divergentes.
Prática, sem gastar muito tempo nesse retoque, pegou em dois ganchos e segurou o cabelo para trás da orelha direita, destapando-a e abrindo o rosto por completo para que nessa, colocasse um brinco comprido, com três filamentos pendentes. Na outra, com um toque mais discreto, mas suficientemente forte, como se ali marcasse toda a sua personalidade resolveu colocar um brinco redondo vermelho-vivo, suficientemente dominante embora pequeno.
Sorriu de si para o espelho ao imaginar como seria recebida por César Augusto e, sem resistir a uma pontada de vaidade, enquanto passava um tom rosado de batom pelos lábios e rodava sobre os calcanhares para espreitar como se veria pelas costas, acabou por exclamar para o vazio do quarto o que lhe ia na alma: “arrebatadora!”...(...)..."

...(...)...

Um dia... espero, numa banca perto de si...!