domingo, 24 de junho de 2012

JUDAS - HERÓI OU VILÃO?

"...como se limparia agora o nome e a imagem de Judas...?"

Foi, segundo os cristãos, por 30 moedas de prata que Judas Iscariotes entregou Jesus aos romanos. Ao longo dos tempos entretanto convertidos em milénios, este foi sempre o mau da fita, o vilão da história do nazareno que era, afinal, O filho de Deus.
Mas vilão como? Da mesma forma que a própria Igreja primeiro perseguiu, torturou, crucificou e depois, numa verdadeira campanha de marketing de fazer inveja à Coca-Cola, fez mártir e principal "bandeira da Fé" o próprio Jesus Cristo?

Como em qualquer bom suspense que se preze, tem de haver sempre os bons e os maus e também os inesperados, aqueles que surpreendem por se revelarem exactamente... como menos se imaginava.
Judas era, afinal, um dos 12 eleitos! Um seguidor. Um discípulo. Um homem da confiança de Jesus Cristo, O filho-homem do Deus-Todo-Poderoso e Omnipotente! Era o Messias!

Segundo a lenga-lenga contada pela Igreja [qual grupo de verdadeira hipocrisia, fantochada e folclore que ainda assim merece todas as honras por ter conseguido influenciar povos de todas as nações com a publicação do maior bestseller de sempre, a Bíblia, e pelas histórias que foram contadas de boca-em-boca em todos os recantos do mundo por todos os homens e mulheres que promoveram - e promovem! - a Palavra de Deus], depois de entregar Cristo aos sacerdotes - judeus por sinal! - que se faziam acompanhar por soldados romanos e que todos juntos - os interesses políticos, entenda-se -, um século depois, vão fundar a Igreja Católica Apostólica Romana, Judas ter-se-á suicidado por enforcamento depois de ter tentado devolver as moedas que recebera como pagamento pela "traição".

Mas... será que houve mesmo uma "traição"?
Volvidos dois mil anos e recorrendo aos novos estilos de entretenimento e a um maior e mais variado rigor criativo [provavelmente também fique a dever-se a uma maior exigência e a um maior sentido crítico (?)], o verdadeiro desafio dos dias que correm não passa por catalogar os "bons" e os "maus", mas antes por tornar odiados e odiosos os que se sacrificam por uma causa e todos os indícios levem a interpretar isso mesmo como o natural papel que apenas cabe ao verdadeiro vilão...

Para a Igreja, na Bíblia e em todos os registos, incluindo na Wikipédia, Judas é um vilão e foi um traidor.
Mas... não foi a ele que Jesus terá revelado primeiro que ia ter de ser sacrificado e morrer na cruz?
Não foi a ele que Jesus permitiu que como sinal para que se identificasse o Homem, Judas o beijasse nos lábios? Não foi a Judas que Jesus permitiu que se encarregasse das funções de tesoureiro do grupo e até mesmo que este se ausentasse durante a Última Ceia logo após beber o vinho que era o sangue de Cristo?

E se na conversa que Jesus e Judas terão tido [relatada nos Evangelhos como tendo durado uma semana], o Rei dos Judeus tiver incumbido Judas de assumir uma posição que exigiria força, carácter e sacrifício, e tiver confiado ao Discípulo a missão de ser ele a fazer a denúncia? Não sabia, Cristo, tudo por antecipação? Não sabia Jesus Cristo que Pedro, esse "pescador de homens" tido como principal mensageiro, um pilar, [cujo reconhecimento da Igreja figura no Vaticano, numa Praça com o seu nome [Praça de São Pedro], negá-Lo-ia por três vezes? Isso não foi uma traição de amor? E se o beijo de Judas a Cristo, mais do que identifica-Lo, tiver sido a dolorosa despedida em silêncio? E se morreu [porque também há uma divergência entre o enforcamento e uma queda num precipício - a páginas tantas nem morreu!?...], porque não suportou o peso da "missão" que Jesus lhe confiou?

À luz destes cenários, como se limparia agora o nome e a imagem de Judas, resvalado e absorvido pela lama vezes sem conta, por tudo e por todos, já há pelo menos... 2000 anos?