segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CARTA A ENTREGAR NO CÉU

"...o teu ar vaidoso e gabarolas com um sorriso de orelha-a-orelha..."

Foi tão rápido este intervalo de tempo que marca 1 ano desde a tua partida que quando as memórias me assaltam vejo ainda tudo tão claro e tão nitidamente... como se tivesse sido ontem. Como tal... ainda dói muito perceber que já não estás comigo...

Hoje fiquei a saber que o projecto arquitectónico da tua morada está concluído e que vão ser terminadas as obras para que finalmente te seja concedido esse descanso final. É apenas e só mais uma mudança.

Quando te visitei esta tarde e lá te deixei as flores que sei que te animam - e continuo a levar-te flores diferentes e com muitas cores, como gostavas quando andavas pelos campos a cheirar todas sempre com aquela tua imensa curiosidade! -, a tua imagem parecia diferente... Não sei explicar melhor, mas tanto me pareceste mais novo, como algo... cansado? Fiquei confuso, mas também animado porque me pareceste muito... presente.

Tenho tantas saudades tuas, meu Menino...!

Sabes concerteza que nunca te esquecerei e que jamais me importará saber o que os outros digam sobre a nossa Amizade eterna. Éramos mais do que isso, não éramos? Fomos sempre mais do que apenas Amigos. Pai e filho, talvez?!

Lamentarei para sempre não ter podido cumprir o requisito de poderes ter visto nascer e cuidar de um filho meu... Não houve tempo...!?
Em contrapartida, sorrio ao recordar o teu ar vaidoso e gabarolas de quando te nasceram as ninhadas do teu "cãosamento" com a Niki!... Seu parvo!! Com aquele sorriso de orelha-a-orelha!...

Tenho vindo a aprender a passar os meus dias sem ti e tenho aprendido a gostar dos outros "meninos" quase como te amei a ti, que foste o meu Menino e o Cão-do-dono-lindo.

Tanta coisa já mudou desde a tua partida... se soubesses...!
Aconteceram coisas menos boas e coisas mesmo más, mas também algumas positivas.
Estou de novo em mudanças... Sim, dessas que volta e meia testemunhaste e implicaram sempre um novo recomeço, novas pessoas, nova vida, nova energia...

Parece que sim, que é mesmo verdade: passamos a vida a desejar tantas coisas, mas depois, na verdade, o que mais valorizamos nem são as conquistas e as vitórias, mas as coisas que perdemos no caminho. 
E a ti... perdi-te de maneira forçada... mesmo depois de trilharmos juntos tantas estradas da vida, mas tu foste sempre excepção e foste sempre excepcional porque conseguiste ser sempre especial, sempre desejado, foste conquistado e foste um conquistador.

Por ti Yiuri... Para ti Cão-do-dono-lindo.
Com todo o meu amor...!

MEIA NOITE EM RIGA

Riga, a Cidade capital da Letónia em pleno coração das países Bálticos
O céu embora encoberto pela escuridão da noite, parecia carregado de uma espécie de luminosidade azulada que deixava perceber um certo encanto e encantamento. Estava assim naquela primeira noite, mas também nas seguintes, o que reforçava a ideia de que ali, qual País das Maravilhas, tudo era... mágico!

Frio!? Sim, os termómetros marcavam apenas 5º nessa meia-noite, mas nessa mesma manhã já haviam registado -5º e uns escassos +1,5 ao meio dia...

Frio?! Bem... nem para todos: a noite era de sexta-feira e talvez também por isso as ruas estavam repletas de gente que circulava ou se deixava ficar à porta de um qualquer bar entre risos e música, conversas e olhares directos e curiosos.

A páginas tantas, um tipo saído de um canto qualquer surgiu a oferecer "free hugs" e lá ia abraçando os transeuntes, fosse por brincadeira, fosse por carência afectiva, mas, mais do que isso, por reflexo claro e evidente da simpatia das gentes deste país do Leste.

A animação nas ruas foi uma constante e só mesmo os casos de roupas mais curtas (elas com vestidos e saias que mantinham as pernas destapadas ou eles com camisas de manga curta), pareciam assustar os mais "incautos" e tão agasalhados, como eu, de cachecol, luvas e casaco sobre uma camisola confortável.

Falando em saias, bem sei... impõe-se a questão: e as letãs?

Beeeeeeeemmmm...!!...
Parecem... Saídas directamente das revistas, todas elas (!!) (ok, não podem ser todas, nunca são, não é verdade?!, mas quase todas elas!!), podiam facilmente inscrever-se nos mais exigentes programas de beleza e discutir os primeiros lugares!
São lindas, tanto as loiras como as morenas!
E mais!, a percepção com que fiquei foi de que deve haver mais mulheres do que homens neste simpático país, pois elas surgem nas ruas aos pares ou em grupos de 3 numa proporção aproximada de 9 para 2 - e talvez esteja a ser generoso nesta avaliação!

Impõe-se aqui, sem dúvida, uma nova questão: pode o "paraíso" da beleza feminina ser assim tão... gelado?

He, he, he, he.
Lá estará aquela meia dúzia de criticas a aguçar comentários contra mim....!

A pedir ou a animar as ruas, mas sempre de forma alegre
Mas não precisam.
Não precisam porque, acreditem, apenas estarei a ser elogioso para com as lindíssimas mulheres que vi na Letónia. Serão maioritariamente letãs, é verdade (não confundir com "letais"!), mas, também, russas, bielorrussas, ucranianas... e que depois se fundem todas elas numa só espécie de mulheres, as mulheres do Leste, e que se distinguem pela beleza, pelos olhos claros e pele muito branquinha e de aspecto macio... Ah, claro, nada, entretanto, que as nossas portuguesas não tenham também!! Ora essa!

Ia alta a meia-noite em Riga, mas as surpresas continuavam a surgir; primeiro julguei que se tratava apenas de uma qualquer oportunidade de negócio, mas depois, rapidamente, percebi que não, e que ali estariam por rotina: por todo o lado podiam encontrar-se bancas de flores que aproveitavam a agitação na rua para fazer florir o negócio. Viam-se muitas pessoas a comprar flores, fosse porque nessa sexta-feira, em particular, se assinalava também o Dia do Armistício que marcava os 90 anos que entretanto já correram desde o final da I Grande Guerra, fosse apenas por graça e ou romantismo entre casais. A verdade é que o negócio floria e que as flores se apresentavam com aspecto fresco e muito colorido, mesmo àquela hora e com aquela baixa temperatura que, para mim, era fria.

Tal como qualquer grande cidade, Riga também tem pessoas as pedir esmolas nas ruas: houve um senhor que num inglês muito "russo", me abordou a pedir que o ajudasse a ele, que era um mendigo, como se identificou. A humildade com que se expressou e se assumiu e depois a forma verdadeiramente grata como recebeu com agrado as moedas que lhe dispensei, com um sorriso que me envolveu e com vénias e palavras... também me deixou perceber não só a sinceridade daquele homem, como quão diferentes formas pode ter a pobreza e as razões que levam as pessoas a pedir esmolas nas ruas... Não foi caso único aquele senhor e mais uma e outra vez que voltei a dar, qualquer que fosse o valor, qualquer que fosse a contribuição, era, de facto, uma ajuda que me levava a acreditar que estava mesmo a contribuir... para um sorriso e, talvez, para uma refeição.

Também não fui caso único nessa partilha e nesse agrado: vi mais pessoas que também davam, que também ajudavam e que muito provavelmente também estariam imbuídos pelo mesmo espírito que eu. Quando se dá apenas e só pelo prazer de se dar parece possível desenhar a forma de que falam os poetas e os líricos quando esboçam em palavras todas as fantasias que falam sobre "esse" tal Natal dos homens livres e que se celebra... sempre que o Homem quiser, independentemente do mês, do dia ou da Estação do ano...!


Para regressar... mas com companhia
 Riga, a capital mágica da Letónia, em pleno coração dos Bálticos, a cidade pela qual me apaixonei pela civilidade, pela tranquilidade, pela sensação de bem-estar que me proporcionou... voltou a fazer-me acreditar que de facto é possível...que cada um de nós... pode mesmo fazer a diferença!

Quando as sensações se fundem e dar ou receber passa a ser apenas uma etapa inesperada e descabida de interesse, tudo... faz mais sentido!

A cidade capital, Riga, é banhada pelo Rio Daugava que lhe dá um ar medieval, mas também místico nomeadamente à noite, quando as luzes azuis preenchem as pontes e iluminam de forma romântica todas as passagens existentes sobre o Rio. É uma cidade toda ela plana, como, aliás, o resto do pequeno país. Sendo uma das maiores metrópoles dos Estados Bálticos, em Riga ainda se percebem os traços deixados pela presença soviética e pela ocupação nazi, seja pelo estilo de arquitectura, seja por pequenos hábitos e costumes que se mantiveram e foram passando de geração em geração.

Como qualquer cidade medieval, também Riga está associada a uma lenda antiga e mítica que ajuda a perceber a simpatia das gentes. De acordo com a lenda, havia um simpático gigante que vivia numa das margens do Rio Daugava e que, numa noite, e de acordo com a crença popular, sob a imagem de uma criança que chorava na margem oposta, este terá carregado todos os pecados do mundo literalmente às costas... Por este feito, o bom-Gigante terá sido recompensado e com esse dinheiro, mais tarde, terá sido fundada a Cidade de Riga...

Mas eu conto a história...
Estátua de Lielais Kristaps junto ao Rio Daugava
Há muitos e muitos anos [um sorriso, não?! ;)] em tempos que hoje serão já tempos muito antigos, antes de Riga ter sido fundada, vivia um homem muito grande, um Gigante, chamado Kristaps (forma letã para designar "Christopher", ou "Cristóvão", em português). Este homem construiu para si uma cabana na margem direita do rio Daugava e ganhava a vida a transportar as pessoas de uma margem para a outra ou ao longo do rio carregando-as às costas - em algumas versões, ele teria um barco, mas isso agora não interessa e perdia a piada toda!...
Uma noite, quando já dormia, Kristaps (Lielais Kristaps = Big Christopher) acordou ao som de uma criança que chorava na margem esquerda do rio. Sem hesitar, o gigante nadou para o outro lado e, lá chegando, encontrou o menino ainda a chorar. Desorientado, o ogre pegou no menino triste, tê-lo-á sentado num dos seus ombros e iniciou a travessia do rio de regresso à margem onde tinha a cabana.


Assim que inicia a travessia, a cada passo, Kristaps percebe que a criança se tornava cada vez mais pesada, e quando já está a meio do rio, completamente esgotado, percebe que só com muito esforço e sacrificio poderia chegar à outra margem e salvar o menino... [Aqui entra a crença que explica que o bebé era o Menino Jesus e que aquela forma disfarçada que usou para ter surgido a Kristaps, será a metáfora que sustenta que o bom-Gigante estava a ser testado e daquela forma a carregar o todo o peso dos pecados do mundo].

Já sem qualquer energia, numa última réstea de força, Kristaps chega à sua cabana e coloca a criança no tapete em frente à lareira. Consta que terão caído num sono exausto.
Quando desperta, na manhã seguinte, Lielais Kristaps acorda para descobrir que a criança tinha desaparecido, mas que no lugar onde a deitara estava agora - qual recompensa - um cofre cheio de ouro.

Kristaps era um homem humilde e deste tesouro não foi gasto um único cêntimo ["santims" na moeda letã, o "lats"] até ao dia da sua morte. Consta também que o tesouro de Kristaps continuou sempre a crescer porque depois daquela noite as pessoas apareciam e deixavam sempre outras moedas de ouro em forma de agradecimento pela bondade do gigante.

Fraternidade e união
Mesmo antes de morrer, Kristaps doou todo o seu dinheiro com o expresso desejo de que ali mesmo, na margem do rio onde tinha a cabana onde vivera, se construísse uma cidade onde todos vivessem sem sobressalto e sem precisarem de cruzar o rio. Assim nasceu... Riga.

Na lenda da igreja cristã, St. Kristofor (Kristaps/Christopher) foi um gigante de Canaã que viveu no século III DC e que se dedicou sempre à difusão da mensagem cristã. Para a igreja, este gigante terá vivido sempre para o amor ao próximo e morreu como um mártir.

Em grego, Christophoros significa "aquele que carrega Cristo".
No século XV, em Riga, St. Kristaps tornou-se o Santo Padroeiro dos marinheiros e de outros empregados do comércio mercante resultando daí, muito provavelmente, o paralelismo com a medalha de St. Christopher [São Cristóvão] usado por viajantes em todos os lugares do mundo, ainda hoje.

Como por detrás de cada lenda há sempre o lado lógico da razão, a verdade é que haverá uma espécie de braço-de-ferro entre a crença popular de que foi Kristaps com a sua figura mítica quem fundou a Cidade, em vez do todo poderoso bispo alemão Albert.

Em 1590 foi esculpida uma réplica de Lielais Kristaps (Big Christopher) num tronco de pinheiro a medir 2,36 metros e colocado na margem do rio Daugava. Esta estátua foi sempre muito acarinhada e terá mesmo sobrevivido às devastações da Reforma quando muitos artefatos da Igreja Católica foram derrubados e destruídos.

Independentemente da sua religião, as pessoas visitam a estátua decorada com fitas e coroas de flores e velas acesas, e imploram a Kristaps para protegê-las do mal.

Nos tempos que correm, a estátua de Kristaps está no Museu de História de Riga e Navegação (que faz esquina com a Catedral Dome, ;) ), mas desde a alguns anos a esta parte, podemos encontrar uma outra, numa caixa de vidro, que está  colocada onde outrora estivera a cabana do gigante.
Ainda em jeito de curiosidade e para que se perceba a forma querida e grata como o gigante é visto na Letónia, Lielais Kristaps também aparece no verso da moeda de 10 lati.
Em Dezembro, no dia 18, é celebrado o Dia de Lielais Kristaps, muito popular entre as crianças letãs. Normalmente, a imagem surge associada a um gigante com um bebé sentado no seu ombro esquerdo, uma lanterna na mão esquerda, e um remo na mão direita.

Espero que tal como eu... possam um dia descobrir Riga e todos estes encantos...!
Garantias? Uma: vai mesmo valer a pena!
Boa viagem!!

Uma das ruas de Riga na calma de um final de tarde


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PALAVRAS DO TEMPO

Melhores Amigos - Ericeira 1998
Hoje faz 11 meses...
EU QUERIA...
Trazer-te do céu... e passar um dia mais contigo, daqueles que passávamos, na praia, só mais uma vez... uma última vez!
Dar-te o último mas muito forte abraço... um último beijo... aspirar o teu cheiro... dizer-te "adeus cão-do-dono" e deixar-te perceber o quanto me fazes falta... ver a tua expressão no olhar e ouvir o teu desafinado latir novamente.
Ter oportunidade de dizer uma vez mais "este cão é muito lindo! É o cão-do-dono!", pakavras que te enchiam de vaidade...! ♥♥♥

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CRÓNICAS SEM RELATO


Os quatro da vida airada: Yankie e Yuca, Judie e Guipsy

SACRIFÍCIO  DE AMOR
Houve um dia em que por amar muito uma mulher, telefonei a outro homem e pedi que ele amasse a mulher que eu amava e julgava, à época, ser "a tal"...! Já passaram 11 anos...

COMO AS ONDAS DO MAR
Lembro-me de quando me comparaste: "o meu pai e o meu irmão são duas referências para mim e tu tens uma personalidade forte, como a deles, por isso te admiro e te amo". Depois descobriste que não era verdade: eu era bem melhor do que eles e não sabia ser hipócrita!...

PROMESSAS OCAS
"Até que a morte nos separe..."??? kakakakakakaka!!!!!
Ou... "vou amar-te durante pelo menos 50 anos"??? kakakakakakakaka!!!!!!

O MELHOR DO MUNDO
Também já foram crianças, mas cresceram e hoje são mulheres!

Podem ser de todos os tamanhos: altas, baixas ou médias, de formatos maiores ou menores, mais gordas, mais magras ou, simplesmente, equilibradas. Podem ter o cabelo louro, ruivo, preto e até azul ou verde; usarem-no preso ou solto, curto ou comprido, aos caracóis, lisos ou frisados; juntar um lenço, um gancho, uma bandolete; colocar brincos longos, redondos, quadrados ou qualquer outra forma; preferir usar um piercing ou vários!, ter tatuagens, cordas e cordões... Podem ser perfumadas ou apenas naturalmente cheirosas; às vezes macias, tantas vezes sedosas! Podem ser brancas, pretas, morenas e até amarelas!, portuguesas, suecas, espanholas ou alemãs... podem ser tudo, podem ser qualquer coisa... mas são! Todas elas, sem excepção,  são de facto o melhor do meu mundo!
... Mulheres!...
... Tão difícil de se viver com elas, mas - para mim - impossível de se viver sem elas!...

INCONFORMISMO
Houve noites, como sabes, que dormi no chão da cozinha, ao teu lado, para te ajudar, se de mim precisasses... Mesmo assim "partiste" depois de me olhares uma última vez e sem nada poder fazer para te ajudar... 

IMORTALIDADE
Foi recentemente que me foi revelado o significado do meu apelido por um estudioso da língua indiana:
A = negação
MAR = morte
CHANDE = portador/detentor
Logo, a explicação é simples: portador ou detentor do que recusa a morte = portador ou detentor da imortalidade.
Por isso, talvez, se explique porque nunca morri...?!


OS MEUS "MENINOS"
Os meus "meninos" não são de oiro.
Os meus "meninos" não são gente.
Os meus "meninos" são a minha companhia, a minha alegria e a minha tristeza.
Os meus "meninos" - agora - são "só" quatro: o Yankie, a Yuca, a Judie e a Guipsy.
Os meus "meninos" são os meus cães... que tanto adoro!

PESSOA DO ANO
Tenho por hábito nomear para mim a pessoa que mais me honrou conhecer em cada ano.
No último, foi de caras... este ano... espero conseguir uma nomeação...!?

GESTOS EM FLOR
Normalmente associadas aos incuráveis românticos, as flores costumam ser bem recebidas e "reflectir" um efeito positivo sobre quem as oferece... Quando apaixonado, tenho por hábito oferecer flores. Uma ou outra vez, ou muitas vezes.
Houve, entretanto, a quem eu oferecesse flores todas as semanas. Por surpresa, apenas, sem que ela contasse e, às vezes, sem mesmo estar com ela... Simplesmente deixava-as ficar pousadas à porta de casa dela, ou no carro. Uma flor e um bilhete de palavras sentidas...
Fi-lo apenas pelo prazer de oferecer. Pela surpresa. Por amá-la...
Ainda compro e ofereço flores; todos os meses junto mais uma ao número anterior, e por cada uma, assinalo um mês que passa e coloco todas, em jeito de ramo, na campa do Yiuri... Este mês já serão onze...

sábado, 8 de outubro de 2011

HACHIKÕ: HISTÓRIA DE UM AMOR INCONDICIONAL

Filme original na versão japonesa onde figuram as personagens que retratam Hidesaburõ Ueno e Hachikõ

É impossível poder contar esta história sem recorrer ao argumento do filme.
Será tarefa igualmente impossível poder relatar os factos sem ilustrar com verdades absolutas que vão acabar por evocar a ganância do homem, os valores da fidelidade e o amor incondicional.
Como poderei contar esta história sem que as lágrimas, a saudade, o vazio da perda se percebam e se reflictam nas palavras que vier a escolher?
A simples tarefa de agora escrever e partilhar algo sobre esta história, é, por si só, um dever de cidadania e de humanismo. Pode ser interpretado como um gesto de amor, mas, também, de revolta...

Foi há coisa de alguns dias que finalmente vi o filme, a versão americana protagonizada por Richard Gere e Joan Allen, realizado por Lasse Hallström. Inspirado em factos verídicos, o filme conta a história de um cão japonês, Hachiko, um Akita, que viveu a eterna espera por um dono que tinha como melhor amigo e que morreu subitamente com um ataque cardíaco e nunca mais regressou à estação de comboios onde o fiel Hachiko o esperava todos os dias. A verdade é que após a morte do dono, sem compreender que este jamais regressaria, o cão manteve a rotina de esperar todos os dias o mesmo comboio que deveria trazer o amigo... durante nove anos.

Amizade sem igual num amor incondicional e sem interesse
De nada adiantou que o tivessem levado para viver afastado da cidade, ou vendido a casa onde sempre vivera com o dono, porque ele escapava sempre para poder cumprir com a espera que traria de volta o amigo. Sem ser retratado na história, Hachiko terá sido sujeito à vida dura de um cão que embora amado e respeitado por todos, passou a viver na rua, certamente atacado por outros cães, acossado por doenças e pragas e ao acumular dos anos que o conduziram à velhice.

Quando finalmente morreu, o cão teria 12 anos de idade e terá adormecido exactamente na mesma Praça onde durante nove anos esperou o regresso do dono. Na versão romanceada do filme, podemos testemunhar e viver a emoção do reencontro que finalmente acontece após a morte, num cenário de Paz e tranquilidade eternas.

Mas o filme é mais do que isto.
O filme coloca a nu a verdadeira e incomparável amizade entre o Cão e o Homem. Aliás, o filme acaba por deixar perceber como todos os outros: a mulher, a filha, os amigos... do homem seguiram com as vidas que tinham... e como só o cão, só o Hachiko não foi capaz de retomar a vida que tinha. Sofreu a perda e esperou... até à própria morte.

Estátua de bronze de Hachikõ em Shibuya
Tenho defendido esta teoria ao longo da minha vida: ninguém nos ama mais nem melhor nem de forma mais desinteressada, do que o nosso cão! Se nunca o abandonarmos, jamais será ele a fazê-lo!...

Para mim, que tenho tido uma vida de amores (bons e maus), faz sentido admitir que amo acima de tudo, os meus cães e as mulheres. Mas por esta ordem. Não outra! E não, não há qualquer engano ou demagogia no que acabo de admitir.

Na vida, os amores que temos, mesmo os que pareçam eternos, podem acabar. Os melhores amigos, deixam de sê-lo. Até uma relação familiar entre pais e filhos ou irmãos... arrefece e voltam-se costas uns aos outros... Mas o nosso cão... o nosso verdadeiro Amigo e Companheiro... esse jamais nos deixa! Por ele voltamos para casa mais cedo. Só ele nos recebe de cada vez com a mesma festa e com o mesmo entusiasmo. Tenhamos saído de casa 8 horas ou 8 minutos antes, a festa é a mesma!

Quem, alguma vez, teve um amor que aquando do regresso a casa pulasse de alegria pelo reencontro e gritasse aos vizinhos que estávamos em casa ao mesmo tempo que nos enchesse de beijos e carícias por estarmos de volta? Quem?? Quem, na perspectiva de alguma vez ter tido tudo isto, o teve de facto sem ter sido porque tivesse... um cão?...

De volta à história de Hachiko, este nasceu em 1923 e se no filme ele "escolhe" o dono, a verdade é que ele foi deslocado da província de Akita - que, afinal, dá o nome à raça - para ter ido viver com um professor da universidade de Tóquio, Hidesaburõ Ueno, numa pequena cidade ferroviária chamada Shibuya e é aí, numa pequena praça em frente à estação que ainda hoje figura uma estátua de bronze em memória e honra de Hachiko. A estátua, por sua vez, foi esculpida por Teru Ando e ali colocada em Abril de 1934, mesmo em frente à bilheteira.

Um ano depois, em Março de 1935, com 12 anos de idade, Hachiko foi encontrado "adormecido" aos pés da estátua, perpetuando assim a imagem da espera eterna (há relatos diferentes que dizem que Hachiko terá morrido numa rua lateral à estação).

Quando morreu a notícia foi estampada em todos os principais jornais do Japão. Foi decretado um dia de luto pela espera que durou 9 anos e 10 meses. Ainda hoje, 76 anos depois, a 8 de Abril os japoneses assinalam a data e realizam na pequena Praça de Shibuya uma cerimónia em homenagem ao cão fiel.

Um dos momentos de reencontro após mais um dia de trabalho
Mas há outras curiosidades relacionadas com Hachiko: em pleno período da II Grande Guerra, o Governo do Japão recolheu todas as estátuas em bronze, entre elas a de Hachiko, para fundir e transformar em material bélico. Em 1948, entretanto, um grupo de amigos e conhecedores-admiradores da história do cão fiel ao dono, juntaram-se e procuraram o filho do escultor da primeira estátua para que este voltasse a esculpir o Akita Hachiko. Essa é a estátua que ainda hoje lá está e serve de ponto de encontro a milhares de pessoas que circulam e combinam encontros em Tóquio com passagem pela estação de Shibuya.

Outra curiosidade ainda maior poderá prender-se com o aproveitamento propagandista que o Governo nipónico terá feito da história de Hachiko. Os Akitas são conhecidos por serem cães muito fieis e verdadeiros admiradores de quem cuida deles. Este zelo é testemunhado por inúmeros relatos de cães que terão dado a vida pelos donos e por isso mesmo foram considerados Património Nacional, em meados de 1940, tendo estado proibida a venda destes cães durante muitos anos. Mas o "aproveitamento" que houve está associado ao facto de os militares terem "usurpado" o carácter dos Akita, inspirado em Hachiko, para motivar os soldados japoneses de que nada podia impedir a determinação e paixão (ou fanatismo) com que estes defenderiam o País, primeiro na guerra Sino-Japonesa, depois na II Guerra Mundial quando atacaram Pearl Harbor.

O cão simbolizava isso mesmo, um ícone nacionalista e ainda hoje a história de Hachiko é ensinada por pais e educadores nas escolas. Importante referir que o Japão, o "país do sol nascente" adorava todas as figuras do sol e "Akita" representa um deus-sol que vive entre os homens...

Corpo empalhado
O corpo de Hachiko, foi empalhado e está exposto no Museu Nacional de Ciência do Japão. Os restos mortais foram sepultados junto à campa do dono. Como prova de reconhecimento e da memória viva dos japoneses, em 2004 foi edificada uma outra estátua de Hachiko, agora em frente ao Akita Dog Museum, na cidade Natal de Hachiko.

Ainda hoje, se um proprietário não tiver condições financeiras para manter um Akita, o governo assume a guarda total do animal.



Hachikõ significa "número oito" em japonês, por isso a minha publicação hoje, dia 8, como uma homenagem ao Cão e a todos os cães que vivem ou viveram reconhecidos pelo valor que mede o sentimento e o amor entre eles e nós, os "amigos" deles.

O filme, aqui mostrado em 6 minutos...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O MUNDO PERDEU UM GÉNIO

“A morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida” - Steve Jobs
Pode até parecer que não, mas todos o conhecíamos.
Viveu como sendo  "o criador".
Foi o homem que deu vida à vida que hoje conhecemos como "era tecnológica".
Foi o homem que colocou nas mãos e nos lares o conceito simplificado de "computador portátil" e de "telefone-computador". Morreu o "pai" da Apple.
Ficamos com a "herança" feliz que nos deixa, a todos, utilizadores ou não do "bebé" que ele criou e a todos apresentou com o símbolo de uma maçã trincada. 
Steve Jobs, como se chamava, tinha 56 anos e morreu depois de se entregar à teia em que se viu envolvido desde 2004 e de onde jamais escaparia, que foi o cancro no pâncreas.
Vimo-lo, há coisa de um ano quando surpreendeu tudo e todos e fez a apresentação do i-Phone 4.
Vimo-lo mais recentemente, em Agosto, quando anunciou que já não estava em condições de se manter à frente da Apple e passava o testemunho. Despediu-se com a dignidade de quem - muito provavelmente - já sabia que estava a morrer e que isso... seria para breve. Nesse dia, há dois meses, vimo-lo com um aspecto franzino, doente, acabado, mas igualmente grandioso e gracioso, como sempre, aliás, soube ser, apesar da humildade que o caracterizava.

Hoje o mundo voltou a falar dele para informar que perdemos um homem útil e que foi fantástico entre os génios. Os ecos não se fizeram esperar e foram inúmeros os actos de homenagem que lhe foram prestados. As lojas da Apple não fecharam, os fãs preencheram-nas com velas e palavras de conforto.
Na Casa Branca, Barack Obama sublinhou que Jobs "teve talento para mudar o mundo" porque e de acordo com o slogan da Apple "atreveu-se a pensar diferente". Bill Gates, o gigante rival da Microsoft, reconheceu que a herança de Steve Jobs "fará sentir-se por muitas gerações".
A verdade, aparte os comportamentos e palavras politicamente correctas, é que com a partida de Steve Jobs o Mundo vai ficar mais pobre, mais lento e menos evoluído tecnologicamente.

Cabe-nos apenas lamentar a partida dele e lamuriar que entre nós se mantenham tantos inergúmenos que despachados a peso ainda seriam poucos para "render" um só Steve Jobs que pouco mais de 60 kgs pesava nos últimos tempos...

Paz à tua alma Steve.
Obrigado pelo que nos deixaste nas versões Mac, i-Pad, i-Phone ou i-Pod.
Obrigado por teres trazido a tua genialidade ao mundo e por termos partilhado a mesma era.
Até sempre!

Enquanto génio, Steve Jobs acreditava que haveria de morrer antes dos 40 anos e essa, dizia, era a motivação que tinha para fazer coisas depressa e a pensar no futuro. Em vez disso, embora ainda novo, morreu aos 56 anos com uma espécie rara de cancro no pâncreas...

“Lembrar-me de que todos estaremos mortos em breve é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida” Steve Jobs


                                            Steve Jobs na Universidade de Stanford, EUA, em 2005



sábado, 1 de outubro de 2011

PUTATIVAMENTE FALANDO

"... nesta fase já conhecemos tudo e não temos medo de nada!..."

Dois meses...
Já passaram dois meses desde que a ordem e a desordem se fundiram numa só e deram lugar a uma nova etapa de vida...

Neste intervalo de tempo as coisas mundanas do dia-a-dia têm sabido ocupar a mente e afastar memórias mais amargas. Mas também têm revelado de forma nua e crua quem, afinal, temos ao nosso lado e quem, na verdade, apenas nos desilude, a cada dia que passa um pouco mais.
Chorar?! Sim, esse "desiderato" que nos remete para o mais íntimo de nós, que num momento de esclarecimento nos recorda como somos frágeis e lamechas, mas também aviva sobre a nossa força e a nossa perseverança? Não... Não o tenho feito.

Em vez disso tenho preferido carregar tudo o que vou acumulando para mim, para não ceder nem voltar atrás nos desejos ou nas memórias, nas ausências sentidas por quem já não está ou - as que mais magoam -, por quem está, mas tem dias em que parece que nos esquece. Se pensar nas ausências, sei, forçosamente acabarei por recordar as perdas e derrotas que me têm sucedido... e não quero.

Às vezes sinto que chego ao limite e fica difícil suster todas as lágrimas que se precipitam para a orla dos meus olhos, mas num esforço hercúleo, mesmo que perca uma ou outra mais atrevidas, consigo controlá-las, apertando um pouco mais o nó na garganta ou engolindo em seco por me lembrar quão descabido será permitir que o vazio ou a tristeza levem vantagem. Controlo-me e convenço-me de que não posso ceder. Simplesmente não posso.

Tenho feito coisas mais simples e às vezes banais.
Tenho escrito como se não houvesse nada que me incomodasse. Embora vazio de emoções, acabo por tratar as palavras que escrevo com alguma indiferença, usá-las, servir-me delas quase como exercício, apenas. Isso acaba por distrair-me... às vezes.

Há dois meses, sei, escondia-se no fundo da minha alma uma emoção convulsiva que fervilhava entre o querer tanto e o querer tão pouco, entre o tudo e o nada...

Hoje acho que vivo uma emoção diferente, convulsiva também e que se trava entre quem sou e quem ou o que gostaria de ser... É quase como um desejo: querer ser diferente do que sou. Que terrível castigo do destino, este!

Haverá tragédia maior do que ter de suportar a vida apenas porque tem de ser, conformando-nos apenas por sermos... como somos?
Se ao menos houvesse uma qualquer distinção, sei lá, de mérito, talvez, por chegar um dia das nossas vidas em que nos conformamos com o que somos: "ok, vou ser gordo, vou ser careca, vou continuar a ser egoísta ou vaidoso, simpático ou arrogante..."...?

Ou seja, temos mesmo de aceitar que vamos ser desta ou daquela maneira apenas porque faz parte do nosso carácter? Conformarmo-nos com o que significamos para nós próprios, mesmo que para isso, muitas vezes estejamos a representar? Temos de aceitar tudo isso e nem mesmo assim somos reconhecidos?
É injusto!...

De que nos serve a experiência da vida, afinal? De que nos serve a sabedoria "precoce" que nos leva a poder perceber a mesquinhez e a tacanhez dos outros - mais velhos ou mais novos, simplesmente menos "iluminados" pela vida -, quando isso não nos permite mudar nada em ninguém, nem mesmo em nós próprios?

Hummm.... deve ser por essa descoberta que alguém, um dia, definiu a vida como sendo "uma tragédia". Deve ser esse o segredo da vida: a frustrante revelação de que teremos de suportar o nosso carácter, o nosso temperamento, os nossos defeitos, egoísmos e avidez para todo o sempre, uma vez que nem a experiência de vida, nem a compreensão podem mudar "isso" que somos.

Por causa do que somos e desse conformismo doentio, vamos acabar por ter de suportar que quem amamos, não nos ame ou que não nos ame como gostaríamos...

Quando somos precocemente iluminados e levamos uma vida de inconformismo e de conquistas, aos 38 anos, a minha idade actual, já teremos aprendido tudo isto.
Infelizmente, porque seria bem mais fácil, este conhecimento, esta sabedoria, não é aprendido nos livros ou nas enciclopédias que guardamos nas estantes, protegidas do pó... Quando se chega a este estádio, já a solidão terá sido mastigada inúmeras vezes como refeição diária e o medo... bem... nesta fase já conhecemos tudo e não temos medo de nada!...

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier) 

Ah!, por isso o "putativamente" (advérbio: por mera suposição), porque apenas e só putativamente podemos viver inconformados com o que somos e podemos ainda fazer um novo começo...

Sem pôr nem tirar, tal como diz a canção:
                                                               "... tudo isto existe...
                                                                ... tudo isto é triste...
                                                                ... tudo isto é fado!..."

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

UMA QUESTÃO DE ATITUDE, APENAS!

Mais do que materiais, as diferenças maiores estão na atitude
É sempre mais fácil quando se divaga entre razões alheias e despidas de conhecimento, quando se tiram conclusões precipitadas e se invocam pseudo teorias de (in)justiça social para se justificar o que uns terão a mais do que outros e lamentar a sorte de uma vida toda ela espelhada na ponta de um dedo acusador que só reflecte, na verdade, uma corroída inveja e muita frustração às vezes, até, com requintes de malvadez sobre o que uns terão a mais do que outros...

A tal diferença entre ricos e pobres tantas vezes realçada num verdadeiro fosso entre as duas margens...!

Mas é falso!
Na verdade, os ricos não são ricos apenas por terem mais dinheiro, mas por saberem estar e por terem um espírito totalmente diferente dos pobres. Naturalmente, por terem essa forma de estar "diferente" a consequência, inevitavelmente, acaba mesmo por ser.... ter mais dinheiro. Senão veja-se:

O rico acredita que pode moldar o seu destino. O pobre acredita que o destino acontece.
O rico assume o compromisso de ser rico. O pobre gostaria de ser rico.
O rico entra no jogo do dinheiro para ganhar. O pobre entra no jogo do dinheiro para não perder.
O rico usa juros a seu favor. O pobre usa juros contra ele mesmo, porque quer tudo para agora.
O rico admira pessoas ricas e as toma como exemplos. O pobre detesta pessoas ricas e as toma como exemplos de mau carácter.
O rico  aproxima-se de indivíduos bem-sucedidos. O pobre prefere amigos que, como ele, passam dificuldades financeiras e são fracassados.
O rico diz “como posso ter isto”? O pobre diz “não posso ter isto”.
O rico estuda investimentos e faz planos. O pobre diz que “não tem tempo para estas coisas”.
O rico é um óptimo anfitrião. O pobre é um péssimo anfitrião.
O rico paga a si mesmo primeiro. O pobre paga aos outros primeiro.
O rico prefere ser remunerado pelos resultados. O pobre prefere ser remunerado pelo tempo despendido.
O rico foca-se no património líquido. O pobre foca-se no rendimento mensal.
O rico, quando sofre uma adversidade, pergunta a si mesmo “como posso tirar proveito disto?”. O pobre, na adversidade, lamenta-se.
O rico identifica os ricos pela educação financeira. O pobre identifica alguém como “rico” pelos bens materiais que exibe.
O rico busca a prosperidade financeira. O pobre confunde essa busca do rico com falta de espiritualidade.
O rico foca-se na solução. O pobre foca-se no problema.
O rico, numa compra parcelar, calcula os juros embutidos e faz contas para decidir se a compra vale a pena. O pobre só observa o tamanho da parcela.
O rico põe o dinheiro a trabalhar duro por ele. O pobre trabalha duro pelo dinheiro.
O rico administra bem o seu dinheiro. O pobre deixa-se levar pela vida.
O rico tem uma visão realista dos investimentos. O pobre quando investe pensa apenas no curtíssimo prazo e espera lucros absurdos.
O rico não despreza um rendimento passivo, mesmo que pequeno. O pobre diz “o que adianta ter o dinheiro na poupança se rende tão pouco?”
O rico age apesar do medo. O pobre fica paralisado pelo medo.
O rico espreita as oportunidades. O pobre busca benefícios.
O rico pensa em grande. O pobre pensa pequeno.
Se o rico ganha algum dinheiro, em pouco tempo o património terá aumentado. Se o pobre ganha algum dinheiro, em pouco tempo o património terá desaparecido completamente.
Se por ventura alguém tirasse todo o dinheiro a um rico, depois de algum tempo ele estará recuperado. Se alguém tirar todo o dinheiro a um pobre, ele dependerá de outras pessoas para sobreviver.
O rico diz “tenho de ser rico por vossa causa, meus filhos”. O pobre diz “não sou rico porque tenho filhos”.
O rico tem um plano de independência para o futuro. O pobre acha que trabalhar até morrer e depender do governo e dos filhos é um plano razoável.
O rico diz “posso ter as duas coisas”. O pobre diz “posso ter isto ou aquilo”.
O rico procura sempre mais informação e formação. O pobre acredita que já sabe tudo.
O rico diz “que lição posso aprender com este erro?”. O pobre diz “desde o começo eu já sabia que não daria certo”.
O rico encara um fracasso como uma aprendizagem. O pobre encara um fracasso como um alerta para nunca mais arriscar.
Em conclusão, o rico fica cada vez mais rico. O pobre fica cada vez mais pobre.

"Não é por as coisas serem difíceis que nós não somos ousados; é porque não somos ousados que elas são difíceis!"

Espero que depois desta leitura tenha ficado um contributo para que todos possam fazer parte do clube dos vencedores e sejam efectivamente mais "ricos", não só em termos financeiros, mas, sobretudo, RICOS de informação...



terça-feira, 13 de setembro de 2011

E NÃO É QUE ELE FAZIA MESMO?!?!

Solto e pelos montes. Era assim que ele estava bem... [Sesimbra - 2006]
Havia sempre quem desconfiasse e, naturalmente, quisesse ver com os próprios olhos para acreditar.
A verdade é que já começava a ser um ritual das festas e churrascos lá em casa e todos acabavam por querer fazer o passeio para assistir ao acto...

Sim, o Yiuri fazia cocó a pedido!

Eu dizia-lhe "Yiuri, faz cocó aqui!" e apontava-lhe o local.
Yiuri e Yankie [Rio Cávado 2009]

Ele, às vezes desanimado e a contragosto, é verdade, lá olhava para mim, acabava por me levar a repetir a ordem mais uma ou duas vezes - o suficiente para que os incrédulos fizessem alguns comentários e "cantassem" à desventura, e, então, como em qualquer boa história com algum suspense e final feliz, como se tudo fizesse parte de um esquema de cumplicidade e bem montado entre nós, ele lá rodopiava sobre ele mesmo, uma, duas vezes, e, a seguir, cagava literalmente para todos eles!!

Eh, eh, eh,eh!

É impossível recordar aqueles momentos de pura satisfação e orgulho no meu menino, sem sorrir para mim mesmo!

Num ápice, aqueles risos e piadas davam lugar a surpresa, a estupefacção e a espasmos de queixo-caído que teimavam em não se fechar facilmente... Eles, os descrentes, engasgavam-se e atropelavam-se em comentários mal articulados...

Serra da Estrela 2004

Era demais quando ele fazia isso!!!
E mais surpreendente ainda era quando ele já tinha feito o cocó da ordem apenas por sair à rua, e isso acontecia já depois, quando o passeio estava no fim e regressávamos a casa! Quantas vezes, o olhar dele indiciava algo como "tem mesmo de ser? É que não me apetecia mesmo nada...", mas lá me fazia a vontade e acabava por me dar o prazer de ver as caras de espanto que as pessoas faziam em contraste com o ar de gozo que o Yiuri espelhava...

Claro que nessas alturas eu inchava de tanta vaidade pelo feito e enquanto o Yiuri, aliviado, exibia um sorriso de orelha-a-orelha, satisfeito por voltar a exibir a proeza, eu dizia-lhe vitoriosamente: lindo! O Cão-do-dono cagou para eles! Lindo!!! Sabendo, claro está, que essas seriam exactamente as palavras que ele diria se falasse "tomem lá! Caguem nisso agora!!"


E lá seguíamos: eu, o Yiuri e todos os "descendentes" de São Tomé, de regresso à festa onde o feito presenciado ia ser repetido para os que não tivessem assistido ao acto....


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PROPOSTA DE TROCA: IDOSOS POR RECLUSOS

Liberdade condicionada [Gruta de Hércules - Marrocos]
O texto não é meu nem invejo quem o escreveu e por isso mesmo vou aqui publicar para que todos possamos, também, reflectir sobre o assunto e perceber como, entre linhas e em toda a mensagem, a autora desta sugestão apenas e só nos leva a pensar como invertidas estão as prioridades e o bem-estar...

A verdade, nua e crua, é simples de se concluir: neste texto somos confrontados com uma realidade que é triste e conhecida de todos e, em época de crise e de cintos apertados, como a que vivemos, seria uma boa e justa forma de os políticos poderem acenar com algo de bom e útil que fizessem com os nossos impostos... 
Esta mulher, pelo alerta e pelo coração que "deposita" na mensagem que passa, merecia ganhar um prémio!

"UMA IDEIA A EXPLORAR?...

Colocar os nossos idosos nas cadeias, e os delinquentes fechados nas casas dos velhos .
Desta maneira, os idosos teriam todos os dias acesso a um duche, lazer, passeios.
Não teriam necessidade de fazer comida, fazer compras, lavar a loiça, arrumar a casa, lavar roupa etc.
Teriam medicamentos e assistência médica regular e gratuita.
Estariam permanentemente acompanhados.
Teriam refeições quentes, e a horas.
Não teriam que pagar renda pelo seu alojamento.
Teriam direito a vigilância permanente por vídeo, pelo que receberiam assistência imediata em caso de acidente ou emergência. E tudo isto sem pagar um tusto!

As suas camas seriam mudadas duas vezes por semana, e a roupa lavada e passada com regularidade.
Um guarda visitá-los-ia a cada 20 minutos e levar-lhes-ia a correspondência directamente em mão.
Teriam um local para receberem a família ou outras visitas.
Teriam acesso a uma biblioteca, sala de exercícios e terapia física/espiritual.
Seriam encorajados a arranjar terapias ocupacionais adequadas, com formador instalações e equipamento gratuitos.
Ser-lhes-ia fornecida gratuitamente roupa e produtos de higiene pessoal.
Teriam assistência jurídica gratuita.
Viveriam numa habitação privada e segura, com um pátio para convívio e exercícios.
Acesso a leitura, computador, televisão, rádio e chamadas telefónicas na rede fixa.
Teriam um secretariado de apoio, e ainda Psicólogos, Assistentes Sociais, Políticos, Televisões, Amnistia Internacional, etc., disponíveis para escutarem as suas queixas.
O secretariado e os guardas seriam obrigados a respeitar um rigoroso código de conduta, sob pena de serem duramente penalizados.
Ser-lhes-iam reconhecidos todos os direitos humanos internacionalmente convencionados e subscritos por Portugal.

Por outro lado, nas casas dos idosos:
 
Os delinquentes viveriam com €200 numa pequena habitação com obras feitas há mais de 50 anos.
Teriam de confeccionar a sua comida e comê-la muitas vezes fria e fora de horas.
Teriam que tratar da sua roupa.
Viveriam sós e sem vigilância.
Esquecer-se-iam de comer e de tomar os medicamentos e não teriam ninguém que os ajudasse.
De vez em quando seriam vigarizados, assaltados ou até violados.

Se morressem, poderiam ficar anos, até alguém os encontrar.
As instituições e os políticos não lhes ligariam qualquer importância.
Morreriam após anos à espera de uma consulta médica ou de uma operação cirúrgica.

Não teriam ninguém a quem se queixar.
Tomariam um banho de 15 em 15 dias, sujeitando-se a não haver água quente ou a caírem na banheira velha.
Passariam frio no Inverno porque a pensão de €200 não chegaria para o aquecimento.

"Vale a pena pensar(mos) nisto..."
O entretenimento diário consistiria em ver telenovelas e a Fátima e Goucha na televisão".

 
Digam lá se desta forma não haveria mais justiça para todos?
Vale a pena pensar nisto... 
Talvez amanhã, quando lá chegarmos, possamos dizer, orgulhosos, que soubemos contribuir para mudar o estado das coisas...!?




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PELÍCULA INVERTIDA

Mais forte e implacável - mesmo que assustador, também!
É tempo de inverter a página e seguir com as jornadas do dia-a-dia que completam o campeonato da vida onde todos jogamos, uns na Liga principal, outros em Ligas inferiores, é certo, mas com a certeza de que independentemente do palco, todos jogamos.


Quando escrevo "inverter" é isso mesmo que quero dizer e não se confunda com a intenção de se "virar a página", pois é sempre mais rica a experiência de se olhar para as coisas (a mesma vida, os mesmos lugares, as mesmas pessoas...), sob um prisma diferente, do que apenas deixá-las para trás, como que esquecidas ou ali, à disposição, para que se remexa sempre que bem se entenda, como forma de voltar atrás a qualquer momento, como num livro, afinal, que podemos folhear para a frente ou para trás.


...um bom repelente ou um tiro de canhão...
Inverter a posição e fazer de forma diferente, é, afinal, uma missão nobre e destemida. O cenário é o mesmo, mas a vista... é muito diferente.

Novas e renovadas energias, mesmo que a conta-gotas, ou apenas e só a conformação de que neste palco onde actuamos, umas vezes se ganha e outras se perde, umas vezes se brilha e outras se está no escuro, mas que de uma forma ou de outra, queiramos ou não, continuamos a ser nós os principais actores (ou jogadores) e temos mesmo de saber manter essa posição, esse "estatuto" e sabermos ser a vedeta, a estrela mais cintilante. Há que afastar os ímanes que atraem a desgraça e sabermos besuntar-nos com um bom repelente que a mantenha longe!



"...paciência: vão ter de gramar comigo..."
Aos que nos querem bem e se preocupam e nos ajudam numa das múltiplas facetas desse verbo tão lato e onde cabem tantas acções, o meu obrigado e a promessa de que podem continuar a contar comigo e que a cada dia "me vou devolver" àquela pessoa confiante, forte e vencedora que terão conhecido e de quem gosta(va)m.


Aos outros, sejam lá quem for, que me queiram ver menos bem e ou na merda... paciência: vão ter de continuar a gramar comigo!

Pode nem parecer possível, mas talvez, além de loira e linda, ela fosse também uma pensadora e pelo menos uma vez disse algo que agora vou usar: "Acredito que tudo acontece por um motivo. As pessoas mudam para que possamos ser capazes de deixá-las para lá... As coisas dão mal para que possamos aprender a apreciá-las quando estão boas. E, às vezes, coisas boas se separam para que coisas melhores ainda se juntem"... (Marilyn Monroe).


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Conversas com Deus

Há sempre dois caminhos na vida: o difícil e o mais difícil...
As minhas conversas com Deus são motivadas pela raiva, pela angústia e pelo desespero.
Como pode Deus, todo tão poderoso, em toda a Sua omnipotência e omnipresença assistir quieto e calado ao desespero e às lágrimas de quem O procura?
Talvez seja uma qualquer espécie de arrogância divinal o que o sustém...?!

Nas minhas conversas com Deus não olho para o lado para ver quem possa estar numa situação pior ou mais desesperada do que a minha, pois essa, claro, é a missão Dele!, mas foco em mim o que mais  me atormenta e rogo-Lhe pela sabedoria que talvez precisasse para ultrapassar cada momento.

"Porquê eu", pergunto-lhe, "porque não me dás uma real chance de viver e de poder tentar - apenas isso! -, tentar ser feliz?"

Acho (tenho a certeza, de facto), que Ele nem me ouve...
Acredito - e até aceito! -, que devem ser muitos e em simultâneo, todos aqueles que Lhe falam e gritam por ajuda no mesmo e exacto singular minuto do tempo das nossas vidas terrenas, mas Ele é que tem o título, Ele é que é Deus, o omni-tudo!

De que valem, afinal, estas conversas com Deus se no final é feita unicamente a nossa vontade e nunca a Dele...!?


Uma vez conheci uma oração que rezava qualquer coisa como:
"Deus, dá-me a serenidade para aceitar aquilo que não posso alterar, a coragem para mudar aquilo que posso mudar... e a sabedoria para as distinguir".

Mesmo praticando esta pequena oração... Ele continua a fazer ouvidos moucos...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Chá Com Amendoim - do projecto ao romance

Faz alguns anos que estou a escrever um livro.
Comecei (e mantenho!) com muita determinação e sempre que posso trabalho no meu projecto com imensa expectativa de que um dia vou poder concluir a minha obra.

Gostava de poder ter mais tempo e de estar mais disponível para escrever, quer em termos de tempo, quer em termos mentais. Tenho a história toda na cabeça, sei como lá chegar, apenas me falta alguma paz de espírito... e tempo, claro!

"Chá Com Amendoim", é inspirado em factos verídicos e tudo o que depois é romanceado vem dar cor e forma a um conjunto de personagens que giram em torno de Francy, uma octogenária que aceita participar no programa de rádio de uma jovem e talentosa jornalista que assina uma rubrica intitulada "A Minha Vida Dava Um Livro". Tendo por base esta premissa, toda a história é vivida em dois tempos: o presente, com os 83 anos de Francy, e o passado, marcado entre experiências e amores e perdas que, afinal, marcam toda uma vida. Entre a manhã de uma quinta-feira e o domingo que vai resultar na emissão do programa, Francy vai reviver um sem-fim de memórias e recordações e com ela, com todas essas vivências, acredito que vou ser capaz de prender o interesse dos leitores de Chá Com Amendoim, da primeira à última página.

Bem sei que não é a mesma coisa, mas vou arriscar deixar aqui ficar uns pedacinhos da minha história e das minhas personagens para que possam ficar com o "gostinho" e, quem sabe, opinar alguma coisa a partir daqui... Espero que vos anime... e agrade. A mim, seguramente, fará um bem enorme saber o que acham destes trechos que lhes vou deixar...


- da página 38
"...(...) Depois, à medida que o tempo avançou, e contrariamente à maioria de todos os namoros, a relação deles nunca esmoreceu: dia após dia, continuavam sempre a viver como se o primeiro dia de namoro nunca acabasse.
Ema abriu o e-mail que tinha como assunto: “ESTAR AO TEU LADO… É TUDO QUE DESEJO!”.
Em sete parágrafos, Augusto escrevera o que de mais puro e libertador lhe ia na alma e ela voltou a ler as palavras dele:
A NOSSA VIDA CONJUNTA TEM APENAS A DURAÇÃO DE UM MÊS, TALVEZ, EM TERMOS DE TEMPO, SEJA MUITO POUCO MAS A INTENSIDADE E A VONTADE COM QUE FOI VIVIDA, ULTRAPASSA A BARREIRA DO TEMPO.
A FORMA COMO EU TE AMO FOGE AOS PARÂMETROS NORMAIS QUE ESTABELECI AO LONGO DESTES 30 ANOS. TU PROVOCAS-ME EMOÇÕES COMPLETAMENTE “SEM NEXO”, LEVAS-ME A VIVER UMA VIDA INCONSTANTE COM MUITOS MEDOS E RECEIOS, MAS DEPOIS, A TUA CAPACIDADE DE ENCARAR O MUNDO, LEVA-ME A ESQUECER TUDO ISSO, E AÍ SIM, EU VIVO EM PAZ CONTIGO, SEM NINGUÉM PARA INTERFERIR, SÓ NÓS OS DOIS NO NOSSO “MUNDO”!
AS PESSOAS NORMALMENTE TRAÇAM-NOS O DESTINO NAS SUAS CABEÇAS E ESPERAM QUE NÓS VIVAMOS ESSE “CAMINHO”, ESSA VIDA, SEM HAVER QUALQUER HIPÓTESE DE FUGA, SEM TERMOS VONTADE DE MUDAR.
MAS O QUE É A VIDA SEM A INCÓGNITA DO NOSSO FUTURO, SEM OS RECEIOS QUE NOS PROVOCAM A ADRENALINA, SEM UM MOTIVO FORTE PARA NOS LEVANTARMOS TODOS OS DIAS E SORRIR PARA O MUNDO, SEM O VERDADEIRO AMOR, AQUELE QUE NOS FAZ CHORAR E SORRIR AO MESMO TEMPO?!
FOI ESTA VONTADE DE VIVER EM LIBERDADE QUE ME LEVOU A AMAR-TE E ME LEVA A TER VONTADE DE ESTAR AO TEU LADO TODOS OS DIAS QUE POSSAMOS TER E QUE NOS SEJAM PERMITIDOS VIVER NESTA VIDA TERRENA…
ESTAR A TEU LADO É TUDO QUE DESEJO!
COM MUITO CARINHO E AMOR
DAQUELE QUE TE AMA...
CÉSAR AUGUSTO”
Terminou a leitura. Sorriu. Largou o ar guardado no peito de forma profunda e demorada, sem mesmo ter reparado que tinha estado a suster a respiração (...)..." 

...(...)...

- da página 50
"...(...) Hoje estava particularmente feminina: escolhera uma saia floreada, comprida, em tons de bege, mas que era acentuada por linhas vermelhas, que acompanhou com uma blusa castanha que se segurava com um laço atrás do pescoço. O colar de bijutaria tinha sido oferecido por uma amiga que visitara o México e o adquirira no comércio tradicional e era realçado por pedras pretas, castanhas e vermelhas envolvidas num fio preto que apertava numa mola de cobre. Levava os pés destapados ao calçar umas sandálias romanas que se atavam acima do tornozelo. Tinha perfeita consciência de que o seu Imperador não havia de resistir ao encanto natural que ela sabia fazer transbordar.
Como não encontrava solução para a escolha que a mantinha presa em frente do espelho há largos minutos, acabou por tomar uma decisão diferente: levaria duas pulseiras distintas e dois brincos divergentes.
Prática, sem gastar muito tempo nesse retoque, pegou em dois ganchos e segurou o cabelo para trás da orelha direita, destapando-a e abrindo o rosto por completo para que nessa, colocasse um brinco comprido, com três filamentos pendentes. Na outra, com um toque mais discreto, mas suficientemente forte, como se ali marcasse toda a sua personalidade resolveu colocar um brinco redondo vermelho-vivo, suficientemente dominante embora pequeno.
Sorriu de si para o espelho ao imaginar como seria recebida por César Augusto e, sem resistir a uma pontada de vaidade, enquanto passava um tom rosado de batom pelos lábios e rodava sobre os calcanhares para espreitar como se veria pelas costas, acabou por exclamar para o vazio do quarto o que lhe ia na alma: “arrebatadora!”...(...)..."

...(...)...

Um dia... espero, numa banca perto de si...!