quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PALAVRAS DO TEMPO

Melhores Amigos - Ericeira 1998
Hoje faz 11 meses...
EU QUERIA...
Trazer-te do céu... e passar um dia mais contigo, daqueles que passávamos, na praia, só mais uma vez... uma última vez!
Dar-te o último mas muito forte abraço... um último beijo... aspirar o teu cheiro... dizer-te "adeus cão-do-dono" e deixar-te perceber o quanto me fazes falta... ver a tua expressão no olhar e ouvir o teu desafinado latir novamente.
Ter oportunidade de dizer uma vez mais "este cão é muito lindo! É o cão-do-dono!", pakavras que te enchiam de vaidade...! ♥♥♥

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CRÓNICAS SEM RELATO


Os quatro da vida airada: Yankie e Yuca, Judie e Guipsy

SACRIFÍCIO  DE AMOR
Houve um dia em que por amar muito uma mulher, telefonei a outro homem e pedi que ele amasse a mulher que eu amava e julgava, à época, ser "a tal"...! Já passaram 11 anos...

COMO AS ONDAS DO MAR
Lembro-me de quando me comparaste: "o meu pai e o meu irmão são duas referências para mim e tu tens uma personalidade forte, como a deles, por isso te admiro e te amo". Depois descobriste que não era verdade: eu era bem melhor do que eles e não sabia ser hipócrita!...

PROMESSAS OCAS
"Até que a morte nos separe..."??? kakakakakakaka!!!!!
Ou... "vou amar-te durante pelo menos 50 anos"??? kakakakakakakaka!!!!!!

O MELHOR DO MUNDO
Também já foram crianças, mas cresceram e hoje são mulheres!

Podem ser de todos os tamanhos: altas, baixas ou médias, de formatos maiores ou menores, mais gordas, mais magras ou, simplesmente, equilibradas. Podem ter o cabelo louro, ruivo, preto e até azul ou verde; usarem-no preso ou solto, curto ou comprido, aos caracóis, lisos ou frisados; juntar um lenço, um gancho, uma bandolete; colocar brincos longos, redondos, quadrados ou qualquer outra forma; preferir usar um piercing ou vários!, ter tatuagens, cordas e cordões... Podem ser perfumadas ou apenas naturalmente cheirosas; às vezes macias, tantas vezes sedosas! Podem ser brancas, pretas, morenas e até amarelas!, portuguesas, suecas, espanholas ou alemãs... podem ser tudo, podem ser qualquer coisa... mas são! Todas elas, sem excepção,  são de facto o melhor do meu mundo!
... Mulheres!...
... Tão difícil de se viver com elas, mas - para mim - impossível de se viver sem elas!...

INCONFORMISMO
Houve noites, como sabes, que dormi no chão da cozinha, ao teu lado, para te ajudar, se de mim precisasses... Mesmo assim "partiste" depois de me olhares uma última vez e sem nada poder fazer para te ajudar... 

IMORTALIDADE
Foi recentemente que me foi revelado o significado do meu apelido por um estudioso da língua indiana:
A = negação
MAR = morte
CHANDE = portador/detentor
Logo, a explicação é simples: portador ou detentor do que recusa a morte = portador ou detentor da imortalidade.
Por isso, talvez, se explique porque nunca morri...?!


OS MEUS "MENINOS"
Os meus "meninos" não são de oiro.
Os meus "meninos" não são gente.
Os meus "meninos" são a minha companhia, a minha alegria e a minha tristeza.
Os meus "meninos" - agora - são "só" quatro: o Yankie, a Yuca, a Judie e a Guipsy.
Os meus "meninos" são os meus cães... que tanto adoro!

PESSOA DO ANO
Tenho por hábito nomear para mim a pessoa que mais me honrou conhecer em cada ano.
No último, foi de caras... este ano... espero conseguir uma nomeação...!?

GESTOS EM FLOR
Normalmente associadas aos incuráveis românticos, as flores costumam ser bem recebidas e "reflectir" um efeito positivo sobre quem as oferece... Quando apaixonado, tenho por hábito oferecer flores. Uma ou outra vez, ou muitas vezes.
Houve, entretanto, a quem eu oferecesse flores todas as semanas. Por surpresa, apenas, sem que ela contasse e, às vezes, sem mesmo estar com ela... Simplesmente deixava-as ficar pousadas à porta de casa dela, ou no carro. Uma flor e um bilhete de palavras sentidas...
Fi-lo apenas pelo prazer de oferecer. Pela surpresa. Por amá-la...
Ainda compro e ofereço flores; todos os meses junto mais uma ao número anterior, e por cada uma, assinalo um mês que passa e coloco todas, em jeito de ramo, na campa do Yiuri... Este mês já serão onze...

sábado, 8 de outubro de 2011

HACHIKÕ: HISTÓRIA DE UM AMOR INCONDICIONAL

Filme original na versão japonesa onde figuram as personagens que retratam Hidesaburõ Ueno e Hachikõ

É impossível poder contar esta história sem recorrer ao argumento do filme.
Será tarefa igualmente impossível poder relatar os factos sem ilustrar com verdades absolutas que vão acabar por evocar a ganância do homem, os valores da fidelidade e o amor incondicional.
Como poderei contar esta história sem que as lágrimas, a saudade, o vazio da perda se percebam e se reflictam nas palavras que vier a escolher?
A simples tarefa de agora escrever e partilhar algo sobre esta história, é, por si só, um dever de cidadania e de humanismo. Pode ser interpretado como um gesto de amor, mas, também, de revolta...

Foi há coisa de alguns dias que finalmente vi o filme, a versão americana protagonizada por Richard Gere e Joan Allen, realizado por Lasse Hallström. Inspirado em factos verídicos, o filme conta a história de um cão japonês, Hachiko, um Akita, que viveu a eterna espera por um dono que tinha como melhor amigo e que morreu subitamente com um ataque cardíaco e nunca mais regressou à estação de comboios onde o fiel Hachiko o esperava todos os dias. A verdade é que após a morte do dono, sem compreender que este jamais regressaria, o cão manteve a rotina de esperar todos os dias o mesmo comboio que deveria trazer o amigo... durante nove anos.

Amizade sem igual num amor incondicional e sem interesse
De nada adiantou que o tivessem levado para viver afastado da cidade, ou vendido a casa onde sempre vivera com o dono, porque ele escapava sempre para poder cumprir com a espera que traria de volta o amigo. Sem ser retratado na história, Hachiko terá sido sujeito à vida dura de um cão que embora amado e respeitado por todos, passou a viver na rua, certamente atacado por outros cães, acossado por doenças e pragas e ao acumular dos anos que o conduziram à velhice.

Quando finalmente morreu, o cão teria 12 anos de idade e terá adormecido exactamente na mesma Praça onde durante nove anos esperou o regresso do dono. Na versão romanceada do filme, podemos testemunhar e viver a emoção do reencontro que finalmente acontece após a morte, num cenário de Paz e tranquilidade eternas.

Mas o filme é mais do que isto.
O filme coloca a nu a verdadeira e incomparável amizade entre o Cão e o Homem. Aliás, o filme acaba por deixar perceber como todos os outros: a mulher, a filha, os amigos... do homem seguiram com as vidas que tinham... e como só o cão, só o Hachiko não foi capaz de retomar a vida que tinha. Sofreu a perda e esperou... até à própria morte.

Estátua de bronze de Hachikõ em Shibuya
Tenho defendido esta teoria ao longo da minha vida: ninguém nos ama mais nem melhor nem de forma mais desinteressada, do que o nosso cão! Se nunca o abandonarmos, jamais será ele a fazê-lo!...

Para mim, que tenho tido uma vida de amores (bons e maus), faz sentido admitir que amo acima de tudo, os meus cães e as mulheres. Mas por esta ordem. Não outra! E não, não há qualquer engano ou demagogia no que acabo de admitir.

Na vida, os amores que temos, mesmo os que pareçam eternos, podem acabar. Os melhores amigos, deixam de sê-lo. Até uma relação familiar entre pais e filhos ou irmãos... arrefece e voltam-se costas uns aos outros... Mas o nosso cão... o nosso verdadeiro Amigo e Companheiro... esse jamais nos deixa! Por ele voltamos para casa mais cedo. Só ele nos recebe de cada vez com a mesma festa e com o mesmo entusiasmo. Tenhamos saído de casa 8 horas ou 8 minutos antes, a festa é a mesma!

Quem, alguma vez, teve um amor que aquando do regresso a casa pulasse de alegria pelo reencontro e gritasse aos vizinhos que estávamos em casa ao mesmo tempo que nos enchesse de beijos e carícias por estarmos de volta? Quem?? Quem, na perspectiva de alguma vez ter tido tudo isto, o teve de facto sem ter sido porque tivesse... um cão?...

De volta à história de Hachiko, este nasceu em 1923 e se no filme ele "escolhe" o dono, a verdade é que ele foi deslocado da província de Akita - que, afinal, dá o nome à raça - para ter ido viver com um professor da universidade de Tóquio, Hidesaburõ Ueno, numa pequena cidade ferroviária chamada Shibuya e é aí, numa pequena praça em frente à estação que ainda hoje figura uma estátua de bronze em memória e honra de Hachiko. A estátua, por sua vez, foi esculpida por Teru Ando e ali colocada em Abril de 1934, mesmo em frente à bilheteira.

Um ano depois, em Março de 1935, com 12 anos de idade, Hachiko foi encontrado "adormecido" aos pés da estátua, perpetuando assim a imagem da espera eterna (há relatos diferentes que dizem que Hachiko terá morrido numa rua lateral à estação).

Quando morreu a notícia foi estampada em todos os principais jornais do Japão. Foi decretado um dia de luto pela espera que durou 9 anos e 10 meses. Ainda hoje, 76 anos depois, a 8 de Abril os japoneses assinalam a data e realizam na pequena Praça de Shibuya uma cerimónia em homenagem ao cão fiel.

Um dos momentos de reencontro após mais um dia de trabalho
Mas há outras curiosidades relacionadas com Hachiko: em pleno período da II Grande Guerra, o Governo do Japão recolheu todas as estátuas em bronze, entre elas a de Hachiko, para fundir e transformar em material bélico. Em 1948, entretanto, um grupo de amigos e conhecedores-admiradores da história do cão fiel ao dono, juntaram-se e procuraram o filho do escultor da primeira estátua para que este voltasse a esculpir o Akita Hachiko. Essa é a estátua que ainda hoje lá está e serve de ponto de encontro a milhares de pessoas que circulam e combinam encontros em Tóquio com passagem pela estação de Shibuya.

Outra curiosidade ainda maior poderá prender-se com o aproveitamento propagandista que o Governo nipónico terá feito da história de Hachiko. Os Akitas são conhecidos por serem cães muito fieis e verdadeiros admiradores de quem cuida deles. Este zelo é testemunhado por inúmeros relatos de cães que terão dado a vida pelos donos e por isso mesmo foram considerados Património Nacional, em meados de 1940, tendo estado proibida a venda destes cães durante muitos anos. Mas o "aproveitamento" que houve está associado ao facto de os militares terem "usurpado" o carácter dos Akita, inspirado em Hachiko, para motivar os soldados japoneses de que nada podia impedir a determinação e paixão (ou fanatismo) com que estes defenderiam o País, primeiro na guerra Sino-Japonesa, depois na II Guerra Mundial quando atacaram Pearl Harbor.

O cão simbolizava isso mesmo, um ícone nacionalista e ainda hoje a história de Hachiko é ensinada por pais e educadores nas escolas. Importante referir que o Japão, o "país do sol nascente" adorava todas as figuras do sol e "Akita" representa um deus-sol que vive entre os homens...

Corpo empalhado
O corpo de Hachiko, foi empalhado e está exposto no Museu Nacional de Ciência do Japão. Os restos mortais foram sepultados junto à campa do dono. Como prova de reconhecimento e da memória viva dos japoneses, em 2004 foi edificada uma outra estátua de Hachiko, agora em frente ao Akita Dog Museum, na cidade Natal de Hachiko.

Ainda hoje, se um proprietário não tiver condições financeiras para manter um Akita, o governo assume a guarda total do animal.



Hachikõ significa "número oito" em japonês, por isso a minha publicação hoje, dia 8, como uma homenagem ao Cão e a todos os cães que vivem ou viveram reconhecidos pelo valor que mede o sentimento e o amor entre eles e nós, os "amigos" deles.

O filme, aqui mostrado em 6 minutos...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O MUNDO PERDEU UM GÉNIO

“A morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida” - Steve Jobs
Pode até parecer que não, mas todos o conhecíamos.
Viveu como sendo  "o criador".
Foi o homem que deu vida à vida que hoje conhecemos como "era tecnológica".
Foi o homem que colocou nas mãos e nos lares o conceito simplificado de "computador portátil" e de "telefone-computador". Morreu o "pai" da Apple.
Ficamos com a "herança" feliz que nos deixa, a todos, utilizadores ou não do "bebé" que ele criou e a todos apresentou com o símbolo de uma maçã trincada. 
Steve Jobs, como se chamava, tinha 56 anos e morreu depois de se entregar à teia em que se viu envolvido desde 2004 e de onde jamais escaparia, que foi o cancro no pâncreas.
Vimo-lo, há coisa de um ano quando surpreendeu tudo e todos e fez a apresentação do i-Phone 4.
Vimo-lo mais recentemente, em Agosto, quando anunciou que já não estava em condições de se manter à frente da Apple e passava o testemunho. Despediu-se com a dignidade de quem - muito provavelmente - já sabia que estava a morrer e que isso... seria para breve. Nesse dia, há dois meses, vimo-lo com um aspecto franzino, doente, acabado, mas igualmente grandioso e gracioso, como sempre, aliás, soube ser, apesar da humildade que o caracterizava.

Hoje o mundo voltou a falar dele para informar que perdemos um homem útil e que foi fantástico entre os génios. Os ecos não se fizeram esperar e foram inúmeros os actos de homenagem que lhe foram prestados. As lojas da Apple não fecharam, os fãs preencheram-nas com velas e palavras de conforto.
Na Casa Branca, Barack Obama sublinhou que Jobs "teve talento para mudar o mundo" porque e de acordo com o slogan da Apple "atreveu-se a pensar diferente". Bill Gates, o gigante rival da Microsoft, reconheceu que a herança de Steve Jobs "fará sentir-se por muitas gerações".
A verdade, aparte os comportamentos e palavras politicamente correctas, é que com a partida de Steve Jobs o Mundo vai ficar mais pobre, mais lento e menos evoluído tecnologicamente.

Cabe-nos apenas lamentar a partida dele e lamuriar que entre nós se mantenham tantos inergúmenos que despachados a peso ainda seriam poucos para "render" um só Steve Jobs que pouco mais de 60 kgs pesava nos últimos tempos...

Paz à tua alma Steve.
Obrigado pelo que nos deixaste nas versões Mac, i-Pad, i-Phone ou i-Pod.
Obrigado por teres trazido a tua genialidade ao mundo e por termos partilhado a mesma era.
Até sempre!

Enquanto génio, Steve Jobs acreditava que haveria de morrer antes dos 40 anos e essa, dizia, era a motivação que tinha para fazer coisas depressa e a pensar no futuro. Em vez disso, embora ainda novo, morreu aos 56 anos com uma espécie rara de cancro no pâncreas...

“Lembrar-me de que todos estaremos mortos em breve é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida” Steve Jobs


                                            Steve Jobs na Universidade de Stanford, EUA, em 2005



sábado, 1 de outubro de 2011

PUTATIVAMENTE FALANDO

"... nesta fase já conhecemos tudo e não temos medo de nada!..."

Dois meses...
Já passaram dois meses desde que a ordem e a desordem se fundiram numa só e deram lugar a uma nova etapa de vida...

Neste intervalo de tempo as coisas mundanas do dia-a-dia têm sabido ocupar a mente e afastar memórias mais amargas. Mas também têm revelado de forma nua e crua quem, afinal, temos ao nosso lado e quem, na verdade, apenas nos desilude, a cada dia que passa um pouco mais.
Chorar?! Sim, esse "desiderato" que nos remete para o mais íntimo de nós, que num momento de esclarecimento nos recorda como somos frágeis e lamechas, mas também aviva sobre a nossa força e a nossa perseverança? Não... Não o tenho feito.

Em vez disso tenho preferido carregar tudo o que vou acumulando para mim, para não ceder nem voltar atrás nos desejos ou nas memórias, nas ausências sentidas por quem já não está ou - as que mais magoam -, por quem está, mas tem dias em que parece que nos esquece. Se pensar nas ausências, sei, forçosamente acabarei por recordar as perdas e derrotas que me têm sucedido... e não quero.

Às vezes sinto que chego ao limite e fica difícil suster todas as lágrimas que se precipitam para a orla dos meus olhos, mas num esforço hercúleo, mesmo que perca uma ou outra mais atrevidas, consigo controlá-las, apertando um pouco mais o nó na garganta ou engolindo em seco por me lembrar quão descabido será permitir que o vazio ou a tristeza levem vantagem. Controlo-me e convenço-me de que não posso ceder. Simplesmente não posso.

Tenho feito coisas mais simples e às vezes banais.
Tenho escrito como se não houvesse nada que me incomodasse. Embora vazio de emoções, acabo por tratar as palavras que escrevo com alguma indiferença, usá-las, servir-me delas quase como exercício, apenas. Isso acaba por distrair-me... às vezes.

Há dois meses, sei, escondia-se no fundo da minha alma uma emoção convulsiva que fervilhava entre o querer tanto e o querer tão pouco, entre o tudo e o nada...

Hoje acho que vivo uma emoção diferente, convulsiva também e que se trava entre quem sou e quem ou o que gostaria de ser... É quase como um desejo: querer ser diferente do que sou. Que terrível castigo do destino, este!

Haverá tragédia maior do que ter de suportar a vida apenas porque tem de ser, conformando-nos apenas por sermos... como somos?
Se ao menos houvesse uma qualquer distinção, sei lá, de mérito, talvez, por chegar um dia das nossas vidas em que nos conformamos com o que somos: "ok, vou ser gordo, vou ser careca, vou continuar a ser egoísta ou vaidoso, simpático ou arrogante..."...?

Ou seja, temos mesmo de aceitar que vamos ser desta ou daquela maneira apenas porque faz parte do nosso carácter? Conformarmo-nos com o que significamos para nós próprios, mesmo que para isso, muitas vezes estejamos a representar? Temos de aceitar tudo isso e nem mesmo assim somos reconhecidos?
É injusto!...

De que nos serve a experiência da vida, afinal? De que nos serve a sabedoria "precoce" que nos leva a poder perceber a mesquinhez e a tacanhez dos outros - mais velhos ou mais novos, simplesmente menos "iluminados" pela vida -, quando isso não nos permite mudar nada em ninguém, nem mesmo em nós próprios?

Hummm.... deve ser por essa descoberta que alguém, um dia, definiu a vida como sendo "uma tragédia". Deve ser esse o segredo da vida: a frustrante revelação de que teremos de suportar o nosso carácter, o nosso temperamento, os nossos defeitos, egoísmos e avidez para todo o sempre, uma vez que nem a experiência de vida, nem a compreensão podem mudar "isso" que somos.

Por causa do que somos e desse conformismo doentio, vamos acabar por ter de suportar que quem amamos, não nos ame ou que não nos ame como gostaríamos...

Quando somos precocemente iluminados e levamos uma vida de inconformismo e de conquistas, aos 38 anos, a minha idade actual, já teremos aprendido tudo isto.
Infelizmente, porque seria bem mais fácil, este conhecimento, esta sabedoria, não é aprendido nos livros ou nas enciclopédias que guardamos nas estantes, protegidas do pó... Quando se chega a este estádio, já a solidão terá sido mastigada inúmeras vezes como refeição diária e o medo... bem... nesta fase já conhecemos tudo e não temos medo de nada!...

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier) 

Ah!, por isso o "putativamente" (advérbio: por mera suposição), porque apenas e só putativamente podemos viver inconformados com o que somos e podemos ainda fazer um novo começo...

Sem pôr nem tirar, tal como diz a canção:
                                                               "... tudo isto existe...
                                                                ... tudo isto é triste...
                                                                ... tudo isto é fado!..."