quinta-feira, 7 de agosto de 2014

REGRAS PARA A VIDA

"(...) o teu caminho vais ser tu a fazer (...) e quando fores embora contigo também vai o coração de um pai (...)"
Filha, passou um ano (e tão rápido que isto foi!!) desde que abriste os teus olhos pela primeira vez e fulminaste os meus, tocando bem dentro de mim, no coração. Hoje, à distância de 5 dias para o teu 1º aniversário resolvi cuidar do tempo, não vá ele continuar a passar em corrida e um dia surpreender-me sem que tenha tido tempo para te dizer o que quero.

Um dia, já amanhã, vais ser crescida e ser capaz de ler isto.
Depois, num outro, vais voltar a ler e então interpretar com o teu coraçãozinho tudo aquilo que preenche o meu coração, apenas por... existires.

Por muito que nesta fase da tua vida tudo te pareça simples e até mágico, por muito que te sintas sempre protegida e amparada, a verdade, como mais tarde vais acabar por descobrir, é que nada é o que parece e, pelo contrário, é tudo bem mais difícil e complicado do que hoje sabes. Por isso mesmo, Constança, quero que atentes nas minhas palavras pois mais cedo ou mais tarde vais precisar de tomar decisões sozinha; decisões tuas que vão levar-te a escolhas e caminhos só teus, mas que eu quero que sejam diferentes das minhas e melhor ponderados do que os meus.

Presta atenção, pois são muito curtas as "regras" que precisas gravar em ti para ires sempre mais além e protegida.
A primeira: se gostares de alguma coisa porque achas que as outras pessoas vão gostar, é garantido que ninguém vai gostar.
Segunda: a maioria das portas no mundo [vais acabar por notar] estão fechadas, portanto se encontrares alguma onde queiras mesmo entrar, filha, bate de forma bem interessante!
Terceira regra: tudo o que achas que é importante... acredita: não é. E tudo o que achas que não é importante, é.
Quarta: sê grata e nunca cuspas no prato onde comes... Perceberás.
Quinta e muito importante: empenha-te! Dá tudo o que podes! O resultado não interessa. O que interessa é que estejas presente. Seja o que for, bom ou mau.
Sexta: escolhe bem em quem confias os teus problemas (porque infelizmente e de alguma ordem, acabarás por ter...) e nunca os confies a alguém que tenha mais problemas do que tu!
Por fim, minha béba, a sétima regra e que o teu pai tão pouco soube como usar: conta sempre com o ombro da tua família. Não só eu e a tua mãe que te amamos acima de tudo e de todos, mas também os teus avós e tios mais próximos, pois melhor do que ninguém, nós conhecemos-te e amamos-te incodicionalmente!



sábado, 2 de agosto de 2014

BARCELONA: MAIS DO QUE UMA CIDADE



Entrada do Parque Güel

Tornei-me um homem completo quando em Agosto de 2013 nasceu a minha filha, que agora enche de alegria e doçura todos os momentos da minha vida, mas só agora, em Julho de 2014 me emancipei verdadeiramente pois finalmente conheci Barcelona. E que Barcelona!!

Se todos conhecemos a mística do Barça, o clube mais representativo da Região da Catalunha (dispensa qualquer apresentação) e o slogan que os motiva "més que un club" (ou mais do que um clube, quando traduzido do catalão para o português), o mesmo se pode aplicar à capital da Catalunha pois de facto Barcelona é mais do que uma simples cidade.

Cabeça (El Cap) de Barcelona '92
Percorrer as ruas a pé é como vaguear num museu a céu aberto, tais as marcas artísticas e arquitectónicas enquadradas entre o verde e o betão, o mar e o alcatrão. Respira-se cultura em todos os cantos. Funde-se uma arquitectura entre o clássico-medieval, o modernismo e o contemporâneo, em obras tão distintas e variadas como o Bairro Gótico (de onde se destaca a Catedral de Barcelona), ou a imponente e sempre inacabada Sagrada Família, ou o Parque Güel, ou La Pedrera, ou o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, entre tantas outras...! Nem se trata de visitar todos os locais porque Barcelona vale por um todo e não apenas pelo socialmente correcto.

As praias enchem de dia e... à noite
Aquelas avenidas repletas de gente que nunca acaba, ora massivamente reunidas junto à costa, ora na Praça da Catalunha, ora noutro ponto qualquer, mas sempre animadas e com qualquer interesse associado à infinita variedade de opções que dão vida e cor a cada lugar. A Rambla... qual Rua Augusta em Lisboa ou Rua de Santa Catarina no Porto, mas com uma dimensão, uma agitação, um colorido de gentes, lojas, restaurantes, pontos de interesse arquitectónico, idiomas e curiosidades que tornam as Ramblas num percurso infidável, imperdível e impossível de se evitar. Há toda uma descoberta que vai desde o Porto Velho (Port Vell) dominado pela estátua de Colombo a apontar o mar, à Praça da Catalunha, outro centro nevrálgico de Barcelona, onde se fundem as ligações ferroviárias, rodoviárias e para o aeroporto.

"O meu cliente não tem pressa" - Gaudi
Ainda que Barcelona tenha encantado, não deixei de ver os dois rostos da capital da Catalunha que como em todos os lugares co-habitam paredes-meias entre duas realidades que separam aquilo que os olhos vêem e aquilo que o olhar percebe. É ténue essa linha que "separa" ricos de pobres em Barcelona, mas existe. Sim, existe. Por detrás de toda a imponência e aparante riqueza que caracteriza aquele que é hoje o maior centro industrial de Espanha, por detrás de toda aquela cultura que enche os pulmões e descansa a vista, e por detrás de toda a importância que a Região da Catalunha, mas Barcelona, em particular, ostentam quer no sector económico, quer no político, a verdade é que também em Barcelona há pobreza. Há mendigos. Há bairros de lata.

Torre Agbar ou Torre Supositório
Fazer - como o foi o meu caso - a viagem do aeroporto à Cidade usando a combinação comboio-metro, é... desencorajador. Percorrer as linhas do metro... que medo!!!! Não medo de aflição, mas "medo" de espanto e desilusão quando comparado com a rede de metro que temos em Lisboa  - sim, porque a do Porto como metro de superficie... é um metro (subway, tube, undergroud) para inglês-ver..., apenas!

Aquelas casas junto à linha do comboio, típicas de uma cidade que sempre esteve ligada à industria e esta aos caminhos de ferro, aqueles amontoados de lixo, os graffities, nada do que vamos depois encontrar em plena Barcelona, naquela orla entre Sant Sebastià e Nova Mar Bella, a zona do Bairro dos Pescadores (que nada tem que os recorde, diga-se!), passando por Port Vell, Barceloneta e Nova Icària.

Agora sim percebo a paixão, a alma, a entrega, o empenho, a energia... que Freddie Mercury concentrou no tema que cantou e imortalizou com Montserrat Caballé e onde afirma que Barcelona "é uma cidade que jamais se esquece"!

Até já Barcelona!
Voltaremos a estar juntos!