quinta-feira, 26 de maio de 2011

Yiuri: os teus 14 anos e o meu adeus final

Setembro 2008 - Yiuri, Yankie e Yuca
Foi há seis meses que partiu o meu Menino, mas se hoje fosse vivo faria 14 anos desde o nascimento.
Foram 14 anos de uma vida bem vivida e cheia de peripécias e aventuras.

Há um ano, neste mesmo dia 26 de Maio, levei-o num curto passeio-de-aniversário pela zona da praia e pude vê-lo feliz por ele estar onde gostava de estar, mas, de facto, sem energia para aproveitar todo o espaço de que dispunha. Eram sinais de preocupação para mim, mas que eu evitava assumir...

Caminhou um pouco. Cheirou o que quis e fez algumas "marcações", mas pouco depois já estava de volta ao carro, como que a pedir para ir para casa. Estava cansado!

26 Maio 2010 - 13º aniversário
Em casa, um pouco mais tarde, acendemos a vela da ordem e foi partilhado o bolo da praxe entre ele, os restantes cães  [o Yankie, a Yuca, a Judie e a Guipsy], eu, a Inês e o João Ramos.

Ele fez as fitas do costume e foi meio rabugento, pois queria o bolo, mas não queria fazer as fotos. Ao contrário dele, eu insistia para que houvesse um registo do momento porque aquele, afinal, podia bem ser o último aniversário... como foi, de resto.

Desse dia, passa hoje 1 ano e restam as memórias.
Seis meses depois do meu Yiuri ter partido aprendi a interpretar a separação e hoje acredito que ninguém parte de verdade se houver alguém que nos recorde.

Terás em mim alguém que te recordará sempre
Quando o enterrei, em Novembro de 2010, fui criticado como tendo feito algo "exagerado"(?), mas talvez seja importante esclarecer que os funerais, mais do que uma perda de dinheiro, são um ritual importante no processo do luto.
Um funeral não é apenas o reconhecimento de que uma vida acabou. É também, e acima de tudo, o reconhecimento de que uma vida foi vivida.

Hoje, Cão-do-dono-lindo, desejo-te um feliz aniversário, mas também te digo adeus, meu Menino! Aceito a tua partida e reconheço que viveste todo o tempo que podias ter vivido. Perdoa-me se às vezes ainda chorar a tua falta, e descansa em Paz!

O Dono nunca te esquecerá! Nunca.





 Vídeo com a notícia do cemitério para animais que o Yiuri motivou que se fundasse






domingo, 22 de maio de 2011

Há Razão Para Os Porquês?

Para onde caminhamos, afinal?
Ao longo dos anos - diria mesmo, ao longo da vida, habituei-me a escrever sempre sobre factos e a dar as respostas, a informação já tratada, o aspecto final da "coisa". Deixei-me de questionar por considerar esse um processo que depois me conduz ao esclarecimento e assim, aboli o desafio que se esconde com a resposta que se revela atrás da pergunta, quando escrevo.

Com isso, sei, foi sendo apagada a chama da fantasia, a mesma que expõe a loucura interior e a capacidade de sonhar que qualquer menino deve saber preservar e que quando adulto, deve saber expor, de quando em vez, a criança que deverá viver sempre, e em cada um de nós...

São hábitos de escrita difíceis de superar, acima de tudo porque para mim escrever é despir a alma e colocar a nu apenas e só o que dita o coração. Todos nós e também eu, colocamos questões em conversas ocasionais ou tidas como "intelectuais", mas do que tenho estado a fazer discorrer o pensamento é mais profundo e mais permanente, porque é escrito. Quando falamos, discutimos a Fé, a existência de Deus, uma outra vida paralela à que vivemos, a sorte e o azar, o Bem e o Mal, a Justiça..., mas o que é tudo isso se não um momento ocasional e sem registo?

Hoje ocorreu-me: porque não questionamos a vida que temos? Porque razão, em desígnio, não podemos acreditar que Quem atribui a vida a cada um de nós, não pode, também, ter dias menos felizes e, nesses, cometer erros de atribuição? Não me recordo de alguma vez ter sido consultado sobre que vida queria ter!? Logo, isso deve significar que não vivo a vida que me era destinada, vivo, sim, a que alguém que terá tido opção de escolha, não quis e me foi imposta por ser quem se seguia na "fila de receber vidas". Será justo que até para receber uma vida é preciso ter sorte?? Não deveria tratar-se de uma questão de Justiça e imparcialidade? É isso que significa quando se assume que somos todos feitos à Sua imagem, e, portanto, aceitando que se cometam erros, tanto n'Ele como em nós? O que é que isso tem de justo? É por isso que temos de aceitar o fardo e assumir que todos teremos de carregar uma cruz?! Isso é que é dar a outra face?

E se, de repente, por um qualquer desígnio, tivéssemos a confirmação de que a vida, afinal, é uma continuidade de vidas que se unem a cada nascimento, como que para se completar um só Destino? E se para além do percurso que conhecemos nesta forma terrena, numa realidade paralela houvesse uma existência diferente de cada um de nós?


Faria alguma diferença?
O que queremos saber, afinal?