sábado, 24 de março de 2012

OBJECTO DE ESTUDO

"(...) não sou bipolar, nunca fui nem me tornei muito acelerado (...)"

Foi há pouco mais de um ano que aqui escrevi sobre a tensão arterial. A minha tensão arterial.
Nesse dia, quando aqui anotei o relato que então motivou as palavras que publiquei, tinha "acusado" algo na escala arterial que ditava valores de 19 para a máxima e de 11 para a mínima e que depois de repetida a medição, se fixou em 18/12...!

Correu o intervalo de um ano e... por razões, planos e motivações diferentes, lá acedi em fazer uma "visita" à médica de família. Lá foi a velha lenga-lenga de sempre onde o paciente acaba por "orientar" o médico no sentido do tratamento e quanto mais eu revelava... mais a pronta e não menos profissional Doutora ficava  preocupada: "não diga mais nada", chegou ela a dizer, "quanto mais fala pior fica" (o cenário clínico, entenda-se!). A verdade é que o gabinete estava ocupado por ela, por uma jovem e não menos simpática médica-estagiária, eu e ainda por uma enfermeira que acabou por se juntar à incrédula medição dos valores arteriais e relato clínico... O problema maior, admitiam, era a minha idade, "um jovem", como diziam, e com aqueles valores?

"Chantagearam-me" no sentido de sair convencido a fazer um tratamento de rastreio para que se encontre a causa destes valores e deram-me a escolher entre fazer logo ali uma avaliação à urina e tomar uma injecção com uma dose reforçada para regular/baixar os valores ou... ir ao hospital. Receitaram duas "bombas" químicas: uma que acaba por baixar o ritmo cardíaco e uma outra que acelera o funcionamento renal e me leva a urinar várias vezes em intervalos muito curtos (claro que falho muitas das tomas do segundo!).

E exames? Ui!!
Ele é exame para o coração (electrocardiograma e ecocardiograma), ele é exame renal (ecografia), ele é exame aos pulmões (RX pulmonar), foram análises a tudo: colesterol, ácido úrico, urina, ureia, glicose, hepatites, HIV, e tantas outras que nem os nomes são bons de se escrever, quanto mais de se pronunciar!!

Resultados?
Como sempre: óptimos!
Mas isto é estranho! Sim, estranho. Porque sinto que de facto estou a acusar essa coisa do envelhecimento (logo pelo facto de estar a fazer exames!), porque noto esses traços que são característicos em todos aqueles a quem vimos somar anos e... chegar a velhos. Porque realmente sinto que já não tenho a mesma frescura física de outros tempos que me parecem sempre tão recentes e que na verdade já passam em rolos de 5, 10, 15, 20, 25 anos, e que só dou conta quando ao olhar para trás tomo consciência de que terá corrido um intervalo de tempo tão... grande!
É estranho porque com todas estas evidências de que o tempo também passa por mim nesta vida terrena, sinto "coisas" estranhas com o meu corpo; tonturas e apertos dolorosos, cansaço e mau-estar e até, às vezes, o que sempre ouvi descrever como "azia".

Quando nessa minha peça sobre a tensão arterial, há coisa de um ano, escrevi sobre os riscos a que me sujeitava por viver com a tensão arterial tão elevada, também me descrevi como não sendo, não me classificando como uma pessoa "normal": "Bem sei que não serão valores normais para pessoas ditas "normais", mas também sempre defendi que são os meus valores e que se calhar eu... não sou "normal". Certo é que já "carrego" estes valores há muito tempo e continuo a ser como sempre me habituei a conhecer. Não sofro variações de humor, não sou bipolar, nunca fui nem me tornei muito acelerado, não me identifico com alguns dos factores de risco como o álcool, o tabaco ou a obesidade e nem me considero propriamente um "resistente" pois conheço o meu caso, conheço os riscos e só não estou a procurar medicação porque considero que aí sim, terei problemas de saúde", foi o que então escrevi. Reitero a ideia: agora que iniciei esta caminhada rumo a um eventual "tratamento", vou mesmo começar a ter problemas de saúde! Veja-se só a quantidade de exames que tive de fazer apenas na "ronda de abertura"!!!

A verdade é que dei uma chance a mim mesmo de poder ver onde e como funciona esta coisa a que todos chamam "medicina". E agora...? Espero o tal milagre do tratamento ou da cura?



"... Cerca de metade das pessoas que sofrem deste problema de saúde nem sequer sabem que o têm, pois a tensão alta, na maioria das pessoas, não produz sintomas a não ser em valores já bastante elevados. Daquelas que o sabem, cerca de metade negligenciam frequentemente o tratamento, porque se sentem bem. Como resultado, em cada 8 pessoas hipertensas, apenas 1 a 2 têm a pressão arterial controlada!
Uma tensão arterial frequentemente alta (igual ou superior a 140/90) pode também causar danos irreversíveis em outros órgãos, como os rins e os olhos.
A Hipertensão pode destruir órgãos vitais do corpo, sem que a pessoa se aperceba. Infelizmente para muitos, o primeiro sinal é um AVC ou um Enfarte do Miocárdio (ataque do coração) inesperados. Para alguns, o primeiro sinal pode também ser o último
!
" Marianne Ferreira - Médica



2 comentários:

  1. O que posso eu dizer-te? Se és tão teimoso!? Já foi óptimo teres feito os exames todos! Nem foi preciso pedir-te/chatear-te muito! ;)
    Não há necessidade de facilitar, e se existem químicos é porque servem para alguma coisa, não te parece? Eu ainda tenho esperança que as tuas tensões baixem para valores ditos normais :)))e até pode acontecer sem qualquer intervenção medicamentosa :D
    Quero-te ao meu lado por muitos e bons anos! "Quando a gente gosta é claro que a gente cuida!" Eu estou aqui para "ajudar" a cuidar-te Senhor Teimoso :*

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  2. a velhice tarda mas chega rápido e e um posto meu caro emilio

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