sexta-feira, 27 de abril de 2012

CRÓNICAS SEM RELATO II


CONVICÇÃO
Tenho a certeza - e até já o disse entre amigos - que um destes dias vou mesmo ganhar o euromilhões. Não é um desejo apenas, é mesmo uma certeza!
Não sei quando, não sei com que chave, mas sei que vai acontecer! Apenas sei...
Quando isso finalmente acontecer, também sei - mesmo que seja o único totalista -, não vou ganhar sozinho. São muitos aqueles que vão ganhar comigo: pessoas a quem estimo, pessoas a quem desejo para elas o mesmo que para mim, pessoas a quem reconheço positivismo, gratidão, amizade... enfim, pessoas que mesmo sem que o saibam, trago guardadas no meu coração.


PALAVRA DE HONRA
Que significado e sentido assume hoje em dia a expressão "Palavra de Honra"? Numa era em que tudo se rege por contratos assinados e que mesmo assim nunca se fazem cumprir porque ao mesmo tempo que estão a ser rubricados "papeis de regras", em silêncio se percebe no olhar que já estão a ser magicadas formas e fórmulas para se inverter o contexto e violar o acordo escrito, onde, afinal, pode caber a palavra de uma pessoa? O que é isto da "Honra", quando nos habituamos e ouvir os mais variados agentes da sociedade - políticos, dirigentes desportivos, advogados... - na manhã seguinte a qualquer pseudo-promessa afirmarem categoricamente que o que hoje se diz, amanhã é mentira e fazerem exactamente o oposto do que anunciaram?
Deve ser por isso que se estranha quando são avistadas algumas dessas "aves-raras" a assumir compromissos baseados unicamente na palavra dada, no aperto de mão ou na tal honra que molda o carácter dessas pessoas...?!

EMPENHO vs DESEMPENHO
São distintas estas duas acções e marcam, inevitavelmente, duas posturas.
Ainda que possa haver gente empenhada e com um bom desempenho, na maioria dos casos essa relação nunca é possível de se quantificar. Uma pessoa empenhada numa relação, por exemplo, não significa que tenha um bom desempenho. Ou um trabalhador com um bom desempenho, não tem de estar propriamente empenhado para lá chegar.
Isto explica-se: nessa relação em que as pessoas estão empenhadas, por exemplo, em serem agradáveis umas com as outras, isso pode muitas vezes significar um verdadeiro frete e uma acção a contra-gosto, no entanto, por factores muitas vezes associados ao bem-estar emocional, financeiro, social... pode levar a uma série de sorrisos amarelos e palmadinhas nas costas que podem levar a um aparente relacionamento entre as partes, mas que na verdade está carregado de representação e que por muita vontade que haja (ou empenho), nunca será apreciada (bem desempenhada).
No outro exemplo, o trabalhador pode perfeitamente ser bem avaliado pelas tarefas e funções que realiza (bom desempenho), mas isso ficar a dever-se unicamente à "formatação" que está tida como condição para a sobrevivência e aceitação social, pois já de si, terão sido resgatados à partida todos os cenários de empenho por sentir que tão pouco está a fazer o que gostava de fazer ou considerar haver um sobre-aproveitamento das reais capacidades que tem.
O tema é decididamente dado a diversas interpretações, mas no essencial será sempre tido a um vício de pronunciação, pois persistirá sempre a tendência para se tratar o "desempenho" como sendo algo realizado com sucesso. Na verdade, "desempenho" não é mais do que um resgate do que se encontra empenhado, daí o prefixo "DES" sobre o sufixo "EMPENHO".
Outros exemplos simples de se compararem: des+culpa = retirar a culpa; des+empregado =  não está empregado, foi retirado do emprego; des+motivado = não se encontra motivado, foi-lhe retirada a motivação.

COMO AS CARTAS DE AMOR
As histórias de vida são como as cartas de amor, quem as não tem?    (Ou será ao contrário?)
Umas mais fáceis do que outras, umas mais justas, outras menos estimadas, umas ainda mais coloridas e outras mais chorosas, mas todos temos as nossas histórias para contar com a história da nossa vida.
Falamos da vida e algures pelo caminho são recordadas lágrimas que foram perdidas em momentos de alegria e em momentos de tristeza, mas que numa ou noutra condição contribuíram para o crescimento e para o fortalecimento da personalidade de cada um de nós. Também é frequente encontrarmos as
lágrimas de saudade de memórias distantes e de perdas e conquistas que vimos partir com o tempo que avançou sempre numa marcha lenta mas impiedosa, mesmo que sem tomar um partido que fosse a favor ou contra cada um de nós em particular, mas que deixa as marcas visíveis no desgaste do rosto, no esbranquiçar do cabelo e na paixão que vamos adquirindo pelas coisas mais simples.
Vidas e histórias que se cruzam, a páginas tantas, com a confrontação de medos e desafios: para uns, o medo da morte, para outros, o desafio da vida.

O VALOR DAS COISAS
É verdade que somos animais de hábitos e seres egoístas por natureza e condição.
Também é verdade que somos estupidamente cegos quando se trata de ver o que está mesmo à nossa frente e quase nos entra pelos olhos adentro...
É uma "cegueira" afectada por parvos orgulhos e teimosos caprichos que dançam em torno de uma simplicidade que nos escapa por entre as mãos, como a areia na praia.
Todas - sem excepção - as coisas na vida têm um valor: têm um valor sentimental, têm um valor material, um valor emocional... valor afectivo, valores que nem sequer seriam aceites como sendo um valor se a eles não fosse atribuída uma carga comparativa pautada numa escala que varia entre o que é mensurável ao que é incalculável!...
Com tantos valores dispersos e com tantas diferenças de valor, é quase naturalmente que aceitamos a consciência de que nos escapam tantos valores para reconhecermos e sermos capazes de atribuir o devido valor ao que realmente tem mais valor: a quem nos ama!


SIM, SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO!
O actual líder que agora calhou aos portugueses para conduzir o país, o senhor Pedro Passos Coelho, tem proferido algumas declarações que a todos nos têm vindo a deixar... estup(idos)efactos. Uma delas, ainda vivíssima na memória de todos nós, sugeria que partíssemos de armas e bagagens e montássemos arraiais noutra freguesia qualquer que não tenha no código postal qualquer referência ou ligação com Portugal. De imediato e vindas de todos os quadrantes, insurgiram-se vozes e gritos de revolta pelo claro incentivo à emigração que ainda dizia, entrelinhas, e "tornem-se imigrantes, fiquem por lá!" em vez de medidas que pudessem ser tomadas para que se invertesse o cenário e se estabilizasse a população activa - e cada vez mais especializada. "Incompreensivelmente", a mensagem foi deturpada por motivos políticos e, claro, a ideia morreu à nascença. Mas vale a pena perceber a real boa intenção do gato-pingado que troca a bota pela perdigota e que agora é o PM de Portugal, pois o que ele na verdade quis deixar claro é que nos dias que correm deve ser bem equacionado se emigrar deve ser visto como solução ou como alternativa. Mais, Passos Coelho estava cheio de razão porque, afinal, "lá fora" até se reconhece e se paga melhor ao trabalhador português (o salário médio até aos 34 anos é inferior a 600 euros/mensais) que para as mesmas funções se não largar as saias da mamã, primeiro, não é colocado em parte alguma, e, depois, se é colocado está sujeito a um regime de completa exploração. Portanto: é para ir para o Brasil? Angola? China ou conchichina? Sim, senhor primeiro-ministro!!

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